ATA DA DÉCIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 05.04.1989.
Aos cinco dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Quarta Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e Ilo Sperb. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Mano José que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Décima Terceira Sessão Ordinária e da Terceira Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 01 Pedido de Informações, acerca do assim chamado “Centro de Eventos”, que teve suas obras e parte das verbas aprovadas no Projeto de Lei denominado Av. Beira Rio, com verbas da Petrobrás; pelo Ver. Cyro Martini, 05 Pedidos de Providências, solicitando capina e limpeza nas calçadas e canteiros situados na confluência da Av. Bento Gonçalves com a Av. Antônio de Carvalho; regularização do traçado da Rua Aristides Rosa, em sua parte superior, ensaibramento e patrolagem; ensaibramento, patrolagem, capina e limpeza, inclusive de valetas, nas Ruas Frei Germano e Burgueses; elaboração de projetos pela SMOV ou pela SPM relativamente à Vila São José, especialmente com referência às ruas não pavimentadas; pelo Ver. Edi Morelli, 01 Pedido de Informações, acerca das vistorias mecânicas realizadas nos ônibus das empresas do transporte coletivo de Porto Alegre sob intervenção e da vida útil desses veículos; pelo Ver. Ervino Besson, 02 Pedidos de Providências, solicitando quebra-molas com sonorizador próximo ao nº 2129 (sentido Centro-bairro) e outro no posto de gasolina próximo (sentido bairro-Centro), na Av. Cavalhada; poda de árvore na Rua Horizontina, em frente ao nº 134; 03 Indicações, sugerindo ao Sr. Governador do Estado que, através da Brigada Militar, seja estudada a possibilidade de efetuar policiamento nas Ruas Rincão, Giácomo Muttoni e Afonso Lourenço Mariante; construção de uma escola pública em Belém Velho, Rincão; estudo da possibilidade de instalação de mais um “orelhão”, dentro do bar, na Rua Giácomo Muttoni, 147; pelo Ver. Ilo Sperb, 01 Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado policiamento ostensivo na Vila São Vicente Mártir; pelo Ver. João Dib, 02 Pedidos de Informações, acerca das medidas tomadas pelo Executivo Municipal diante das pichações a que foi submetida a Cidade e da colagem de cartazes em postes e outros equipamentos públicos, convocatórios à greve realizada nos dias quatorze e quinze do mês de março; dos custos dos serviços de instalação do palanque montado na praça em frente ao Paço dos Açorianos, com vistas às manifestações públicas alusivas à greve geral do mês passado. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 240; 241; 242; 243; 244; 245; 238; 246; 248/89, do Sr. Prefeito Municipal. Ainda, foi apregoado o Ofício nº 261/89, do Sr. Prefeito Municipal, que solicita autorização para afastar-se do Município no período de sete a dez do corrente mês. Após, o Sr. Presidente informou que, face a Requerimento do Ver. João Motta, aprovado pela Casa, o Grande Expediente da presente Sessão seria destinado a manifestações com referência à mobilização “Pró-referendum” do Uruguai, solicitando aos Senhores Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Isaac Ainhorn, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Luiz Carlos Morais, representando, neste ato, o Vice-Prefeito Municipal, Dr. Tarso Genro; Dr. Wilson Ferreira, representando, neste ato, o Consulado Geral da República Oriental do Uruguai; Ver. Wilton Araújo, 2º Secretário da Casa. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Vieira da Cunha, em nome da Bancada do PDT, teceu comentários sobre a importância da presente Sessão, destacando o significado do plebiscito a ser realizado no Uruguai, dia dezesseis próximo, visando a aceitação ou não da Lei nº 15.848, daquele País. O Ver. João Motta, em nome das Bancadas do PT e do PMDB, fez breve relato histórico acerca da luta do povo uruguaio pelo direito de questionamento da Lei nº 15.848, dizendo que o plebiscito a ser realizado com esse objetivo representa o fim do desafio existente naquele país de busca de punição para os crimes militares. O Ver. Ilo Sperb, em nome da Bancada do PSB, discorreu acerca da forma como foi aprovada, no Uruguai, a Lei que anistia os crimes militares da época ditatorial, salientando esperar que o resultado do plebiscito a ser realizado dia dezesseis próximo, para questionamento dessa Lei, marque o fim da impunidade dos crimes militares naquele país. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, declarando que o Brasil não pode ficar isolado do quadro político apresentado pelo Uruguai, comentou a necessidade de uma maior aproximação do nosso País com os demais países da América do Sul e analisou os pontos comuns encontrados entre as nações do continente sul-americano. E o Ver. Wilson Santos, em nome da Bancada do PL, disse que seu Partido possui como objetivo básico a liberdade, saudando a luta empreendida pelo povo uruguaio contra a impunidade dos crimes militares ocorridos naquele país. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Dr. Wilson Ferreira que analisou o significado do plebiscito a ser realizado em seu País com referência a Lei nº 15.848, agradecendo as manifestações efetuadas na Casa quanto ao assunto. Em prosseguimento, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo ao presente evento e suspendeu os trabalhos às quinze horas e dezesseis minutos, nos termos do art. 84, II do Regimento Interno. Às quinze horas e vinte e três minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente reabriu os trabalhos, suspendendo-os novamente às quinze horas e vinte e quatro minutos, nos termos do art. 84, III do Regimento Interno, ocorrendo nova reabertura às quinze horas e cinqüenta e cinco minutos, quando, após nova verificação de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião, foi apregoado Requerimento do Ver. Artur Zanella, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 19/89 tenha adiada sua discussão e votação por duas Sessões, o qual, após ter sido encaminhados à votação pelo Autor, foi retirado por S. Exa. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esta a requerimento aprovado do Ver. Clóvis Brum, Urgência, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 19/88, pela unanimidade de Votos dos Vinte e Oito Senhores Vereadores presentes; e as Emendas de nºs 01, 02, 03, por Vinte e Cinco Votos SIM e duas Abstenções, tendo sido votadas em bloco a requerimento aprovado do Ver. Clóvis Brum; discutiram esse Projeto os Srs. Vereadores Wilson Santos, Clóvis Brum, Artur Zanella, Dilamar Machado, Luiz Machado, Gert Schinke, Adroaldo Correa, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, João Motta, Cyro Martini, José Valdir e Vieira da Cunha. Nesse período, foi aprovada proposição da Mesa de prorrogação dos trabalhos da Sessão, nos termos do artigo 85 do Regimento Interno; os trabalhos estiveram suspensos das dezoito horas e cinqüenta e seis minutos às dezoito horas e cinqüenta e sete minutos, nos termos do art. 84, III do Regimento Interno; foi deferida solicitação do Ver. João Dib de envio de Telex ao Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo, pela Presidência dos trabalhos; e foi aprovado Requerimento do Ver. Clóvis Brum, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 19/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. E em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 08/89, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Artur Zanella, Clóvis Brum, Dilamar Machado, João Motta e João Dib. Ainda foi aprovado Requerimento do Ver. Flávio Koutzii, solicitando que o Projeto de Decreto Legislativo nº 08/89, seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu às seguintes Questões de Ordem: do Ver. Dilamar Machado, acerca do pronunciamento do Ver. José Valdir no período de Discussão Geral; do Ver. Wilton Araújo, acerca da condução dos trabalhos pela Mesa; do Ver. Wilson Santos, acerca da ordem das inscrições no período de Discussão Geral; do Ver. Vieira da Cunha, sobre o número de emendas; e do Ver. Adroaldo Correa, sobre a concessão de tempo para Comunicação de Líder quando da prorrogação dos trabalhos da Sessão. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezenove horas e cinqüenta minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn, Lauro Hagemann e Wilton Araújo, e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Passamos ao
GRANDE
EXPEDIENTE
O
Grande Expediente da presente Sessão atende a Requerimento do Ver. João Motta,
subscrito por mais doze Srs. Vereadores, em que pede que esta Casa marque uma
manifestação com referência à mobilização pró-referendo no Uruguai.
Solicitamos
que integre a Mesa o Dr. Luiz Carlos Moraes, representando o Vice-Prefeito
desta Capital, Dr. Tarso Genro. Igualmente, convidamos para integrar a Mesa o
Dr. Wilson Ferreira, representando, neste ato, o Consulado Geral da República
do Uruguai.
Para
marcar o início deste Grande Expediente, que se destina a uma manifestação
desta Casa com referência à manifestação pró-referendo, na vizinha República do
Uruguai, fará, inicialmente, uso da palavra o Ver. Vieira da Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Exmo Ver. Isaac Ainhorn, DD. Presidente dos trabalhos, Ilmo Dr. Luiz Carlos Moraes, representando
neste ato o Vice-Prefeito de Porto Alegre, Dr. Tarso Genro, Ilmo Dr. Wilson Ferreira, representando o
Consulado da República Oriental do Uruguai.
Pediria a atenção dos colegas Vereadores, dada a importância de que se reveste esta Sessão, cujo motivo é a manifestação de apoio desta Casa Legislativa ao referendo do país vizinho, o Uruguai. (Lê.)
“Referendum no Uruguai
Em 22 de dezembro de 1986, o Parlamento Uruguaio aprovava a chamada ‘Lei da Caducidade da Pretensão Punitiva do Estado’ (Lei nº 15848).
Não vou entrar no mérito da Lei. Se é justa ou injusta, caberá ao povo uruguaio decidir.
Aliás, o povo uruguaio conquistou este direito. Numa grande mobilização popular, mais de seiscentas e trinta mil eleitores uruguaios requereram a realização do referendum. Num país de pouco mais de dois milhões de eleitores, este é um fato notável. Vença o voto verde, ou vença o voto amarelo, o que esperamos é que este episódio histórico do próximo dia 16 no Uruguai contribua para o fortalecimento da democracia na América Latina. Porque, independente do respeito que nos merecem as Forças Armadas - e a instituição merece o nosso respeito -, é inegável que as páginas mais tristes e revoltantes da nossa história foram escritas pelos militares com sangue de milhares de patriotas que ousaram resistir e lutar pela democracia na América Latina.
Nossas histórias são parecidas. Nossos destinos parecem estar entrelaçados. Por isso, é importante que formemos juntos esta consciência, esta unidade pela democracia em nosso Continente, que lutemos, unidos, pela justiça social e pela igualdade.
Brasileiros,
uruguaios, argentinos, as nações latino-americanas, unamo-nos todos em defesa
da democracia e da liberdade em nossos países. Que o povo uruguaio possa
escrever a sua história livre da opressão e do arbítrio.
Ditadura
nunca mais! Viva a liberdade e viva a democracia na América Latina!” Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pelo PMDB e pelo PT, o
Ver. João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Ver. Wilton Araújo, presidindo esta
Sessão, prezado Dr. Luiz Carlos Moraes, representante do Vice-Prefeito de Porto
Alegre, Dr. Tarso Genro, prezado Dr. Wilson Ferreira, representando o Consulado
da República Oriental do Uruguai nesta Sessão, Srs. Vereadores, senhores e
senhoras, o plebiscito do dia 16 de abril no Uruguai encerra e coloca para
todos nós o seguinte desafio: impunidade ou democracia.
Com
o antecedente do golpe de 1964 no Brasil, na década de 1970, sucederam-se os
golpes de Estado no Continente e no Cone Sul: Chile e Uruguai, em 1973;
Argentina, em 1976. As ditaduras militares se consolidaram, através do
terrorismo do Estado e de seu suporte ideológico, a doutrina da Segurança
Nacional. As desaparições, perseguições, a tortura e as prisões em massa e a
estreita colaboração dos aparelhos repressivos foram características deste
terrível período da história de nossos países. No Uruguai, milhares de presos e
exilados, centenas de desaparecidos, entre eles, trinta crianças, uma dívida
externa multiplicada por cinco em apenas doze anos, o enriquecimento ilícito de
seus sócios civis foram parte do saldo da ditadura. Em 1980, o histórico
resultado do plebiscito dava começo à contagem regressiva para o final deste
período. A luta do povo começa a crescer lentamente e sem pausa, até as eleições
de 1984, que dão a vitória a Sanguinetti num contexto de milhares de exilados e
presos políticos. A democracia que se instaura é muito débil; em parte, por
falta de eleições livres; em parte, porque mais uma vez prevaleceu a
impunidade.
Nesse
período de 1980/1985 foram muitas as declarações, promessas por parte do
Partido do Governo de que haveria justiça no julgamento dos crimes cometidos
durante aquele período, inclusive em fóruns internacionais. Começa um processo
de investigações a nível do Poder Judiciário e do Parlamento uruguaio, tendo
como contrapartida a pressão dos responsáveis. Esse processo resulta depois na
negativa dos militares em se apresentarem ante a Justiça, com a aprovação da
Lei da Impunidade, votada pela maioria no Congresso Nacional, apoiada,
inclusive, por partidos como o Partido Colorado. A resposta das organizações de
direitos humanos e dos partidos políticos, identificados com a luta democrática
naquele País é imediata. Utilizando-se de um dispositivo constitucional,
convocam o povo para o recolhimento de assinaturas que permitiriam chegar a um
plebiscito capaz de questionar a referida Lei. Todo o ano de 1987, no País e no
exterior, coletam-se, porta a porta, seiscentas e trinta e quatro mil
assinaturas, que superam as quinhentas e vinte e cinco mil exigidas pela
Constituição.
Em
1988, no período de reconhecimento das assinaturas, através da comparação com
os documentos eleitorais oficiais, o Governo e a corte eleitoral colocam vários
empecilhos, eliminando, injustificadamente, as assinaturas, cometendo inclusive
alguns tipos de fraude. Entre esses erros, identifica-se a eliminação de
assinaturas de personalidades como a do General Sereni e Carlos Júlio Pereira,
do Partido Nacional, que apoiaram publicamente a campanha pró-referendo.
Neste
contexto, chegamos a dezembro de 1988, quando trinta e seis mil pessoas, cujas
assinaturas ficaram em suspense, teriam que reconfirmá-las perante a corte
eleitoral. Depois de uma gigantesca mobilização, se chega a mais essa vitória.
O Governo diz que o plebiscito vai dividir a sociedade e coloca em risco o
processo de democratização do País, nós acreditamos que vai dividir a história
uruguaia. Pela primeira vez, o povo tem em suas mãos o poder de definir que não
se constrói democracia legitimando a impunidade. Cremos, portanto, que o povo
vai demonstrar que lhe sobra a coragem que falta ao Governo. Acreditamos que o
plebiscito é de fundamental importância, não só para o Uruguai, senão para
todos os países do Cone Sul, porque o plebiscito traz à tona um problema-chave
para as democracias, particularmente para aquelas que pretendem uma sociedade
mais justa: a questão da tutela militar. Considerando que a tutela militar
continua viva em todos os nossos países - inclusive, a partir de alguns
levantamentos feitos na Argentina, os acontecimentos de Volta Redonda, a prisão
de militares que assassinaram... -, pelo plebiscito no Uruguai, nos parece que
é correto fazer esse enfrentamento político, via plebiscito. Não somente é
necessário, mas fundamental para que se possa começar a transitar por caminhos
verdadeiramente democráticos.
Por
isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a manifestação e nosso debate sobre
esse evento tem dois significados fundamentais para todos nós: primeiro, que a
vitória do povo no plebiscito, o voto no verde, portanto, será o fortalecimento
das candidaturas comprometidas com a luta democrática nas eleições gerais de 25
de novembro, que se realizarão neste País, daqui a alguns meses. Segundo lugar,
é de suma importância que se debata esta questão, porque, no fundo, lutamos
também pela afirmação de que a vitória do povo uruguaio e também do povo
brasileiro nesse processo democrático de realização de eleições presidenciais
este ano é a vitória de todos os povos da América Latina que sonham com a
liberdade, a justiça e a democracia. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito, Ver. Ilo Sperb,
pelo PSB.
O SR. ILO SPERB: Exmo Sr. Ver. Isaac Ainhorn, presidindo a Mesa da Casa, Dr. Luiz
Carlos Moraes, representando o Vice-Prefeito de Porto Alegre, Dr. Tarso Genro,
Dr. Wilson Ferreira, representante do Consulado da República do Uruguai.
A
imprensa nacional tem noticiado ultimamente a preocupação dos militares
uruguaios com o provável resultado do plebiscito que será realizado no próximo
dia 16, para que o povo uruguaio defina pelo voto se aceita ou não a Lei que
anistiou militares acusados de violarem os direitos humanos, aprovada às
pressas pelo Congresso do vizinho país em dezembro de 1986. Pelos dados
divulgados, a preocupação procede, pois, em recente pesquisa, 57% dos eleitores
entrevistados votarão não, conseqüentemente, pela rejeição da referida Lei.
A
história tem se repetido em diversos países da América Latina. Quando se esgota
um período ditatorial, exaurido por sua própria inconveniência, por ter sido
imposto, via de regra, por militares, sem aprovação ou respaldo e muito menos
participação popular, voltam a acalentar-se sonhos, renovam-se esperanças que
os direitos humanos sejam realmente respeitados e os que se valeram dos
mecanismos de repressão para violar esses direitos sejam convenientemente
punidos. Até aqui, pouco, muito pouco, além de sonhos e esperanças, que apesar
de tudo resistem, provando que o desejo de justiça é universal.
Se
o plebiscito confirmar a rejeição da Lei, como se espera, ficará provado que
esse desejo não é apenas ficção de sectários, pois ocorrerá com o voto da
maioria dos eleitores uruguaios, insatisfeitos com a impunidade de eventuais
culpados de tantos e tão hediondos crimes.
O
Uruguai é um país amigo, os uruguaios são irmãos sul-americanos. Por essas
razões, torcemos para que haja justiça e prevaleça a democracia com qualquer
resultado no plebiscito do dia 16, próximo.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro
Hagemann, pelo PCB.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Dr.
Moraes, representando, neste ato, o Vice-Prefeito Tarso Genro, Dr. Wilson
Ferreira, representando o Consulado uruguaio, o Brasil não pode ficar
indiferente ao que está acontecendo no Uruguai nestes instantes, ao que já
aconteceu e ao que virá a acontecer depois do plebiscito de 16 de abril. O
nosso País, por longas e longas décadas, ficou de costas para o mundo
hispano-americano. Quase que se poderia dizer que houve um divórcio
lingüistico-racial que derivou do processo de colonização. Enquanto as colônias
espanholas se libertavam da tutela da Espanha e ingressavam num regime
republicano, os brasileiros, ao se tornarem libertos da tutela portuguesa,
ingressaram num regime monárquico que durou de 1822 a 1889. Durante todo esse
período, as novas nações de língua espanhola da América já praticavam um regime
político mais avançado. E o Brasil, durante todo esse tempo, ignorou os seus
vizinhos de língua espanhola e de regime diferenciado.
Hoje,
modernamente, o Brasil está se voltando para essa vizinhança, numa atitude que
nós poderíamos chamar de muito atrasada, atrasada em relação ao tempo, que já
deveria ter sido tomada desde os primórdios, porque nós temos tudo para nos
integrarmos. Não é a língua que nos separa e divide, não é esta origem
colonizatória. Hoje, felizmente, o Brasil está se aproximando dos seus irmãos
da América do Sul. São inúmeros os contatos, são inúmeras as propostas de
integração, de colaboração e há uma questão vital que nos deve aproximar: a
imensa dívida externa da América Latina para com os países do Primeiro Mundo,
do imperialismo, para com o mundo financeiro internacional. Nós estamos todos
no mesmo barco e, sintomaticamente, Brasil e os países de língua espanhola, num
determinado instante da história, se aproximaram pela tutela militar que todos
nós tivemos que suportar. Assim foi no Uruguai, assim foi no Chile, assim foi
na Argentina, assim está sendo ainda no Paraguai, assim foi na Bolívia, para só
falar nos países mais próximos do Cone Sul, e assim foi no Brasil. Hoje, quando
um novo ar de democracia, de liberdade perpassa pelo nosso Continente, num
sinal de tempos novos que temos que cultivar e aprofundar e alargar, nós temos
que ver, com muita preocupação e com um sentimento de solidariedade muito
intensa, o que se processa no vizinho Uruguai.
Os
companheiros uruguaios que vivem e viveram no Brasil durante a época
ditatorial, do militarismo uruguaio, estão percorrendo este Estado fazendo com
que uruguaios que ainda residem em nosso território compareçam às urnas, no
país vizinho, no próximo dia 16, a fim de que votem no verde, que é a esperança
de novos dias, para que se punam os crimes que lá foram cometidos, que eles não
esquecem, como nós também não esquecemos. Mas, infelizmente, nós não tivemos
uma legislação como eles tiveram e não temos uma legislação como eles têm,
capaz de redimir os eventuais equívocos e os erros dos governos que atuam lá e
cá.
Por
isso, a solidariedade do Partido Comunista Brasileiro aos seus irmãos uruguaios
integrados na Frente Ampla, que é quem tem conduzido este processo junto com os
democratas uruguaios de todos os partidos. E estimamos que o dia 16 de abril
seja para o Uruguai uma data histórica e se transforme também num marco
continental em defesa da liberdade e da democracia. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Exmo Sr. Ver. Isaac Ainhorn, presidindo os trabalhos, Dr. Luiz
Carlos Moraes, representando o Vice-Prefeito de Porto Alegre, Dr. Wilson
Ferreira, representando o Consulado da República Oriental do Uruguai, eu, de
imediato, vou pedir escusas se a minha pronúncia ou alguma coisa for imperfeita
no que eu vou proferir. Entretanto, eu gostaria de me socorrer dos versos de
Atahualpa Yupanqui quando ele diz o seguinte:
“Yo tengo muchos hermanos/ que nos los puedo contar/ en el valle, en la
montaña,/ en la pampa, en el mar.
Yo
tengo muchos hermanos/ que nos los puedo contar/ cada cual con sus trabajos/
con sus sueños, cada cual/ con la esperanza adelante,/ con sus recuerdos de
atrás.
Yo
tengo muchos hermanos/ que nos los puedo contar/ y una hermana muy hermosa/ que
se llama libertad”. (Palmas.)
O
Partido Liberal, que tem como símbolo a bandeira desfraldada da liberdade e que
compreende que a liberdade está na essência da prática da democracia, e que a
liberdade e a democracia, via de regra, ou absolutamente, têm sido caladas na
história pela tirania e pelo despotismo, pelo autoritarismo, o Partido Liberal,
que defende conseqüentemente esta liberdade, tem que ascender a esta tribuna e
saudar a atitude de um povo que manifestará o seu desejo, a sua opinião,
mormente quando se tenta esquecer, apagar, tornar a impunidade uma coisa
natural.
De
forma que, com estas palavras, o Partido Liberal vem a esta tribuna e participa
desta Sessão Solene, apenas reafirmando para não ficar nenhuma dúvida que o
Partido Liberal votou contra a utilização, e eu chamo a atenção do autor da
proposição, João Motta, que o Partido Liberal votou contra a realização,
durante o Grande Expediente. Entendia que se deveria buscar outro tempo da
Câmara para se fazer esta homenagem, mas não votou contra a homenagem, tanto
que aqui está dizendo presente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecendo, o representante do Consulado
Geral do Uruguai, Sr. Wilson Ferreira.
O SR. WILSON FERREIRA: Sr. Presidente em exercício, Senhor
representante do Vice-Prefeito, Vereadores, minhas senhoras, meus senhores, eu
simplesmente vou falar com a maior brevidade para expressar que todo o que se
considere democrata, seja uruguaio ou não, tem que se felicitar pela realização
de um plebiscito, desde que a maioria estabelecida pela Constituição assim o
estabelece. Há uma dúvida acerca de uma Lei muito controvertida no Uruguai.
Mas, no entanto, desde que se aprovou esta Lei até agora transcorrerem mais de
dois anos nos quais pelo menos um grande vizinho nosso que habitou por um
caminho diferente tem atravessado situações que o Uruguai se poupou e tomara
que continue desse jeito.
Queria
dizer também que aqui se falou de impunidade. Ninguém, em seu juízo normal,
pode, depois de ter lido essa Lei que se aprovou, sustentar isso. Indulto
também não é porque só pode ser indultado ou anistiado alguém que cometeu um
delito e assim foi julgado e sentenciado por um juiz, coisa que no Uruguai não
aconteceu.
No
Uruguai, a partir de 1º de março de 1984 e 1985, assumiu um governo
democrático, livremente escolhido pelo povo e, praticamente em seguida, se
avocou tanto o governo como o resto das forças políticas do país a solucionar o
problema dos presos políticos que tinham sido julgados irregularmente e
submetidos, no tempo em que estiveram detidos, a condições subumanas e muito
criticáveis condições de vida enquanto estavam detidos. Este pessoal foi
anistiado e simultaneamente se procurou, de acordo com a tradição uruguaia na
matéria, pois somos um país que sofreu muitas convulsões e até revoluções no
passado e sempre se saiu como se sai no mundo inteiro, depois de confrontações
que não terminam em uma derrota absoluta de algum setor, que mal pode acontecer
isso dentro de um país em lutas civis, sempre se optou pela solução de não
haver nem vencidos nem vencedores. No Uruguai se saiu sem traumatismos maiores
de uma situação de ditadura óbvia através e à conseqüência de uma negociação da
qual participaram a maioria dos partidos políticos, com exceção de um dos
maiores partidos tradicionais do Uruguai, que queria optar por outro tipo de
saída. Estes partidos que participaram destas negociações, que conduziram às
eleições que houve no Uruguai, omitiram solucionar este problema do que ia
acontecer com os militares; quem sabe, se não tivessem omitido, deviam ter omitido
também, porque negociando com militares não depois de uma guerra da qual eles
surgiram derrotados, mas sim de uma negociação que eles próprios concordaram, é
evidente que não vão pactuar nem estabelecer que vão ser dissolvidos nem
julgados nem sentenciados por este tipo de crime que todos sabemos que foi uma
barbaridade.
Mas,
pelo menos, isso já passou. Agora, resta a voz do povo se manifestar e vamos
ver o que acontece. E eu, que me considero democrata, o governo uruguaio, o
estado e o sentimento em geral do país todo vai ser acatar qualquer resultado
dessa consulta popular, porque tanto a maioria como a minoria é povo e,
portanto, digna de ser respeitada. Há dúvidas quanto a acatamento dos
militares. Alguns setores têm dúvidas quanto a se triunfar o voto verde, como
há setores que têm as mesmas dúvidas quanto ao acatamento da outra opção que
eventualmente fizer o povo uruguaio. Eu espero simplesmente que todos os
setores, num comportamento democrático, se comportem de acordo com o que seja
resolvido nesse momento. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de darmos por encerrada esta Sessão
em que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, por sua mais legítima
representação política presta, neste Grande Expediente, uma homenagem, tendo em
vista a realização, nos próximo dias, de um referendo popular, nós, evidentemente, não poderíamos deixar de
considerar os laços fraternos que unem Uruguai e Brasil, sobretudo, da
solidariedade desses dois povos nos momentos difíceis em que por vezes passava
um desses povos. Não querendo entrar no mérito de quaisquer das convicções
políticas, o Uruguai abrigou no seu solo, generosamente, aqueles que buscavam o
asilo político e a proteção daquele povo, independentemente das convicções político-partidárias,
em diversos momentos da nossa história. Registro, evidentemente, o mais
recente, que foi em 1964, quando a República Oriental do Uruguai acolheu
dezenas, por que não dizer centenas, de brasileiros que buscavam o asilo no
território uruguaio e lá se formou uma geração de brasileiros, filhos desses
asilados.
Eu
tive, também, de outro lado, a grata satisfação, no início da década de 1930,
de receber aqui em Porto Alegre, retornando do seu exílio em Londres, para
imediatamente, momento posterior, se dirigir ao Uruguai, a extraordinária
figura daquele que foi um dos mais insignes homens públicos da República
Oriental Uruguaia, que foi Wilson Ferreira Aldunate, que, hoje, se acha
presente aqui na figura de seu filho Wilson Ferreira.
Por
tudo isto, é com satisfação, é com júbilo, que registramos, e com o apoio desta
Casa realiza-se, pela vontade política da representação política da cidade de
Porto Alegre, aqui expressa, realiza-se este evento que tem a marcada posição
de definir o apoio a este referendo
popular que brevemente se realizará do vizinho país da República Oriental do
Uruguai.
A
todos os senhores que aqui compareceram, agradecemos a presença, especialmente
do representante do governo uruguaio, nesta oportunidade, do Consulado Geral do
Uruguai aqui em nossa Cidade, Sr. Wilson Ferreira, bem como de S. Exª o Sr.
Vice-Prefeito Dr. Tarso Genro, que se faz representar, nesta oportunidade, pelo
Dr. Moraes. A todos, muito obrigado e declaro encerrado o Grande Expediente da
presente Sessão. Suspendemos os trabalhos por cinco minutos para depois
entrarmos na Ordem do Dia da presente Sessão.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h17min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h21min): Reabro os trabalhos e antes propriamente
de entrarmos na Ordem do Dia, suspendo novamente a Sessão, por dez minutos,
para que neste tempo seja votado o Parecer Conjunto da Comissão de Justiça e
Redação, Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação e Comissão de Defesa
do Consumidor em relação ao Processo nº 0841/89, Projeto de Lei do Legislativo
nº 019/89, do Ver. Clóvis Brum.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h23min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h55min): Estão reabertos os trabalhos da presente
Sessão.
Antes
de passarmos à Ordem do Dia, solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à
verificação de “quorum”.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Há “quorum”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO -URGÊNCIA
PROC.
Nº 0841/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 019/89, de autoria do
Ver. Clóvis Brum, que altera a Lei nº 6.091, de 14 de janeiro de 1988,
dando nova redação e incluindo artigo.
Parecer
Conjunto:
- da CJR, CUTHAB e CEDECON. Relator-Geral Ver. João Motta:
pela aprovação do Projeto e das Emendas nos 001, 002 e 003.
O SR. PRESIDENTE: Antes de passarmos à discussão,
registramos sobre a mesa um Requerimento de autoria do Ver. Artur Zanella, que
requer adiamento por duas Sessões do presente Projeto de Lei.
Está
com a palavra, o Ver. Artur Zanella, para encaminhar o Requerimento.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este
Projeto teve uma tramitação recorde nesta Casa. Mais rápido que isso só aumento
de funcionário. Entrando no dia 21 de março, no mesmo dia foi encaminhado à
Auditoria, que no mesmo dia disse que não havia problema nenhum. No dia 03 de
abril, o nobre Ver. João Motta dava o seu Parecer e no dia 05, hoje, já estamos
em votação. Uma série de documentos e uma série de informações circulam nesta
sala, e o Ver. Gert Schinke disse que tem uma legislação do ano passado, mas
que infelizmente não tem a cópia. Eu digo que tem a Resolução nº 532, do
Contran, que está sendo encaminhada, agora, pela Escola de Polícia para cá, a
uma consulta feita pelo Detran de São Paulo, dizendo que o número de
passageiros escolares que podem ser transportados é aquele definido no
licenciamento. Então, eu sugeri o adiamento da discussão por duas Sessões, para
dar tempo a todos os colegas Vereadores se munirem mais de documentação e
informações. O que eu quero é que haja mais tempo para o debate, e que esta
Casa, daqui alguns dias, não seja acusada de ter votado açodadamente.
O
Ver. Clóvis Brum, por exemplo, pedia o depoimento do Delegado Cyro Martini,
perguntando se havia acidentes com o transporte escolar. Eu acho que não. Mas o
Ver. Cyro Martini, seguramente, dirá que não havia acidente com oito crianças e
uma Kombi de doze anos. Ele vai dizer que não houve acidente antes, mas duvido
que o Ver. Cyro Martini garanta que não vai haver acidentes depois, com doze
crianças e doze anos uma Kombi de vida útil, porque ele não é futurólogo. Ele
pode dizer o que houve e eu digo o que houve: o transporte escolar de Porto
Alegre é muito bom, é ótimo, funcionando como está. Acho que não será tão bom
com uma Kombi com doze anos.
Mas
tem uma preliminar ainda: acho que não cabe a nós alterar leis federais. Então,
é por isso que propus o adiamento por duas Sessões, para que a documentação
venha completa. Se as Lideranças dos partidos maiores acharem que não deva ser
adiada, retiro o Requerimento em um minuto. É só o Líder do PDT, do PT, dizerem
que é para retirar, já retiro. Acho que dois dias é um tempo bom para examinar,
discutir a legislação, para ver com quem está a razão. Há um acordo que já foi
assinado irregularmente e que está sendo conduzido. Até ir para Redação Final,
publicação, vai continuar rodando irregularmente.
Então,
era esta a proposição, porque queria dar condições a V. Exas para
que estudemos o assunto. Nós temos que pensar bem nesta responsabilidade,
porque se os advogados que consultei estiverem certos e uma lei municipal
alterar legislação federal e houver conseqüência sobre isso, a Prefeitura será
responsabilizada e nós também. É por isso que eu sugiro este prazo de duas
Sessões para que se possa examinar melhor a questão.
Eu
duvido que os Vereadores soubessem que seria votado hoje, porque o espelho foi
distribuído ontem, anteontem. Muitos daqui não sabiam que ia ser votado, não
consultaram os seus assessores.
Ver.
Flávio Koutzii, V. Exª quer que eu retire o Requerimento?
O Sr. Flávio Koutzii: Sim.
O SR. ARTUR ZANELLA: Então, eu retiro o Requerimento, e vamos
votar hoje. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ARTUR ZANELLA (Requerimento): Sr. Presidente, a pedido do Líder do PT,
eu peço a retirada do meu Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: Tendo em vista a manifestação do
requerente, nobre Ver. Artur Zanella, a Mesa considera retirado o Requerimento
de adiamento por duas Sessões da votação do presente Projeto e passa, de
imediato, à discussão do PLL nº 019/89, Processo nº 0841/89. Em discussão.
(Pausa.) O primeiro orador inscrito é o Ver. Wilson Santos. Com a palavra, Sua
Excelência.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
tenho uma preocupação muito séria que nós venhamos a cometer, se aprovarmos
este Projeto, uma ilegalidade, em primeiro lugar. Em segundo lugar, eu acredito
que são duas violências contra a segurança em nome do barato. Eu acredito que
devamos buscar economia, que devamos buscar uma forma mais barata de se
transportar crianças, mas eu digo que o barato sai caro quando se tenta
diminuir custos em cima da segurança e da vida de crianças. Eu estou consciente
da responsabilidade e, convicto, eu vou votar contra o Projeto e,
democraticamente, vou arrolar aqui o estudo que fizemos.
Examinando
atentamente o presente Projeto de Lei, entendemos que deva ser feito,
preliminarmente, um retrospecto sobre a história da implantação e
regulamentação do transporte escolar em Porto Alegre. Chamo a atenção dos Srs.
Vereadores que a edição da Lei nº 4.617, de 1979, decorreu da necessidade de
estabelecer ordem e controle na prestação deste tipo de serviço, que já vinha
sendo usado em larga escala, sem qualquer atenção aos requisitos mínimos de
segurança e conforto. Ora, quando essa Lei foi editada, já havia esse serviço
sem uma regulamentação adequada. A Lei nº 4.617 e seu regulamento, Decreto nº
7.709, de 1981, passaram a dispor quanto às permissões para o transporte
escolar, adotando padrões para os veículos: tempo de vida útil, período de
vistoria, condições para requerimento de permissões, o modo de fixação das
tarifas, as obrigações dos transportadores e o rol das infrações e
correspondentes sanções. Todo esse cuidado disciplinador foi tomado com o único
escopo, qual seja, o de preservar a segurança dos usuários e manter a
regularidade do serviço. Assim, à vista do que contém no presente Projeto de
Lei, não podemos concordar, data venia, com a aprovação do mesmo.
Aqui chamo novamente atenção: a competência do Município, como poder permitente para a exploração do serviço de transporte público escolar, é a de regulamentar e gerenciar a operação do serviço, tão-somente, assegurando à comunidade usuária um serviço eficiente, regular e seguro. A autorização para que os permissionários transportem um número de pessoas superior à capacidade do veículo colide frontalmente com o que dispõe o art. 33, inciso II, do regulamento do Código Nacional de Trânsito, aprovado pelo Decreto Federal nº 62.127, de 16 de janeiro de 1968, que prevê penalidade do Grupo 03 para os veículos que trafegam com excesso de lotação. Ora, eu duvido que a missão constitucional da Brigada Militar vá se apagar por uma lei ilegal. Se esta Casa aprovar o Projeto de Lei, a Brigada vai continuar multando, porque há uma lei federal, com hierarquia maior. E eu pergunto: quem vai pagar a multa? É só uma questão legal.
Eu
não estou contra a que se busque baratear o transporte para escolares, mas sou
membro do Parlamento que é o Poder Legislativo de Porto Alegre, não vou ficar
como o abutre carniceiro grasnando funéreo agouro, esperando que morra alguém,
para vir aqui desta tribuna cobrar o que será um direito meu, como legislador
em Porto Alegre. Agora, oito crianças é a capacidade legal e é uma capacidade
para nós, pais, que usamos esse serviço e que sabemos que a criança é indócil,
que ela é difícil de se manter sentada. Pode ser uma opinião pessoal, mas estou
colocando uma opinião pessoal em cima de um parecer legal. O transporte nos
veículos de escolares, com excesso de lotação, além da infração tipificada na
legislação de trânsito, causa desconforto ao usuário e diminui a segurança do
mesmo. Os condutores destes veículos têm que ter a atenção redobrada, porque,
além do devido cuidado com o trânsito, devem necessariamente cuidar de
escolares que transportam e que são crianças. Ademais, o Conselho Nacional de
Trânsito - Contran - é o órgão normativo máximo do País para as questões
relativas a trânsito e licenciamento do veículo.
Quanto
ao aumento da vida útil dos veículos, entendemos que não seja de bom alvitre,
uma vez que adotando este procedimento estaremos contrariando um dos princípios
a que se propôs o Poder Público quando avocou a si o controle e a
regulamentação dos serviços de transporte escolar, editando a já referida Lei
nº 4.617, de 1979. Uma das razões da edição da Lei foi para assegurar, sem
sombra de dúvidas, segurança para a comunidade escolar usuária desta modalidade
de transporte. Por outro lado, acrescentamos que na planilha de cálculo
tarifário de transporte escolar há um item específico, referente à depreciação
da frota que já está embutido na tarifa para reposição da frota, razão pela
qual não concordamos com o aumento da vida útil do veículo e por via de
conseqüência com o envelhecimento da frota, com o que fatalmente diminuirá a
segurança dos veículos. Vejam que, inclusive, se a memória não me falha, eu
assisti inclusive o PT envolto num episódio do transporte coletivo, assegurando
inclusive o direito de que o veículo descarregado seja próprio do Município,
até porque defende uma vida útil razoável.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Como o Ver. João Dib naquele momento não tinha a documentação e
como o Ver. Clóvis Brum arrancou fartos aplausos perguntando por que o
Município atuava na vida útil dos táxis e dos ônibus, eu vou ler a S. Exª o
art. 37, que diz assim: “Compete ao Município, especialmente, conceder,
autorizar ou permitir a exploração dos serviços de transporte coletivo para
vias municipais, regulamentar o serviço de automóveis de aluguel, táxi”. E é por
isso, então, que, naquela oportunidade, nós tratávamos de ônibus e de táxis,
porque aqui no art. 37 nos dava esta condição.
O SR. WILSON SANTOS: Eu faço finalmente uma saudação aos
proprietários de veículos que estão aqui num legítimo direito democrático de
defender o seu interesse, porque certamente estão convictos de que é correto.
Agora, a mim me reservo o direito, com todo o respeito a todos os senhores e
senhoras que estão aí, de colocar a posição desse Vereador que é um legislador
e que votará contra pelas razões que aqui foram expostas.
Eu
gostaria de fazer algumas outras colocações, mas esgotou o tempo. Eu acredito
que fiz com clareza, com nitidez as colocações, e entendo que os senhores e
senhoras devam continuar, sim, porque defendo a livre iniciativa e defendo o
trabalho de vocês que continuem transportando escolares, mas oito crianças e
não doze. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito na discussão geral, Ver.
Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, desejo
tranqüilizar o nobre Ver. Wilson Santos com relação à sua afirmativa de que a
Brigada vai multar, que vai continuar multando mesmo com alteração da Lei. Eu
lembro ao nobre Vereador que a Brigada tem hoje um novo comando, uma nova
filosofia e que, em tese, o nobre Vereador, sendo Capitão da Brigada, pode ter
certeza S. Exª que a Brigada está muito bem preparada para cumprir a lei e não
para violá-la.
Falou-se
em Código Nacional de Trânsito, eu só vou ler as folhas 03 da Portaria nº
1.436. Chamo a atenção da Casa, notadamente do nobre Vereador Líder do PDT, a
Portaria nº 1.436, de 26 de setembro de 1984, do Departamento Estadual de
Trânsito do Estado de São Paulo, não é o Código Nacional, o Departamento
Estadual, no art. 4º, diz o seguinte: “Os veículos marca Volkswagen, Kombi,
versão escolar, podem transitar com a lotação máxima de quinze crianças de até
doze anos de idade, excluindo o motorista, sendo distribuídos em três crianças
no primeiro banco ao lado do motorista, seis crianças no meio e seis crianças
no banco instalado na parte traseira do veículo, conforme recomendação do
Contran inserta na Instituição Normativa nº 012/80”. Alguém tem mais alguma
dúvida? Posso ler novamente. O art. 4º, da Portaria de nº 1.436, de 26 de
setembro de 1984, do órgão responsável pela vida humana, até diria, se não mais
simploriamente dos veículos de todo o grande Estado de São Paulo. Quinze
crianças é a determinação do Departamento de Trânsito da Secretaria de Estado
dos Negócios de Segurança Pública do Estado de São Paulo. E lá as Kombis
transportam caixas, e lá as Kombis fazem carretos, e lá as Kombis têm outras
atividades e não a exclusiva de carregar crianças, como tem o transporte
escolar de Porto Alegre.
Confesso
que, efetivamente, alguns transportadores andaram se portando mal. Bem feito
para o Joel, militante do PDT, que não procurou o seu Líder aqui na Câmara para
dizer que o grande segmento do seu Partido que trabalha em transporte escolar
quer ver aprovado este Projeto; bem feito para a Dona Eloah, cabo eleitoral há
mais de vinte anos do Ver. Valdir Fraga; bem feito para a senhora que não
avisou o PDT que este Projeto era do interesse também desse importante segmento
do PDT no transporte escolar. Eu só não falaria mais no Cancele, no Meneghetti,
brizolista até a alma. A queixa que eu ouvia hoje nos corredores, o zunzum que
chegava aos meus ouvidos era de que não se tinha procurado a Bancada do PDT,
tinham só procurado o PT. Em momento algum o transportador procurou o PT! O transportador
procurou o Prefeito da Cidade! E, por acaso, os transportadores que pertencem
ao PMDB, ao PCB, ao PT, não procuraram no passado o Prefeito Alceu Collares?
Procuraram.
Sr.
Presidente, o Ver. Wilson chegar aqui e fazer uma afirmação de que a Brigada
vai continuar multando! É uma afirmação infeliz! Ele está na reserva, claro,
reserva remunerada, mas está na reserva, terminou, e o Comando da Brigada tem
um comando muito sério, muito preparado. Hoje, a Brigada Militar desempenha o
seu papel exemplarmente no País! Há problemas? Claro que há problemas, até
nesta Casa há! Por que não vai haver na Brigada, uma corporação enorme como é?
Mas,
Sr. Presidente, o que buscam os transportadores escolares nesta tarde? Em
primeiro lugar, eu queria dizer que a lei surge em função de um fato social. O
legislador não pode legislar em função do que existe, da norma existente, ele
tem que procurar, por todos os meios, alterar essa norma para que o fato social
passe a ter legitimidade legal, para que o fato social tenha a cobertura e a
tutela da lei. Há um fato social clamoroso de que 95% do transporte escolar
nesta Cidade tem o seu veículo conduzido pelo proprietário e ficou provado que
oito crianças numa Kombi escolar não são oito adultos. Oito adultos têm um
peso, têm uma ocupação física do veículo, ao passo que doze crianças o peso é
menor e as crianças ficam tranqüilamente mais seguras. Oito crianças numa Kombi
significa andar oito crianças soltas dentro da Kombi, completamente soltas.
Qualquer pai, qualquer Vereador com assento nesta Casa que já tenha tido ou que
ainda tenha crianças pequenas sabe perfeitamente que as crianças pequenas
colocadas no banco traseiro de seu confortável automóvel, se não se colocar
três crianças, se colocarem somente duas, as crianças ficam soltas no banco
traseiro. Se colocarem três ou quatro, elas ficam com mais segurança, mas isso
os Srs. Vereadores sabem, no dia-a-dia, na condução da sua própria família.
Negar a adequação desse fato social à emergente legislação seria, no mínimo,
uma desconsideração para aqueles que fazem o transporte escolar exemplar neste
País.
Há
um Projeto de Lei do Ver. Edi Morelli, já divulgado, sobre o uso das camisinhas
nos motéis. É um fato social, é uma realidade dizer que a saúde tem que tratar
disso, que o Ministério da Saúde, é a campanha contra a Aids, que tem que
tratar disso. Não. É o legislador atilado, corajoso, que deseja ver resolvido
esse problema. Daqui uns dias mais, Sr. Presidente, teremos outros projetos que
serão calcados de inconstitucionais, porque a lei tal diz isso ou aquilo, só
que em São Paulo, meu querido ex-Diretor do Detran do Rio Grande do Sul,
Delegado Cyro Martini, o Detran de São Paulo estabeleceu quinze crianças. Está
aqui o documento. Não vi a taxação da inconstitucionalidade.
O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte?
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Machado, em virtude de seu
tempo ter se esgotado, cede o seu tempo.
O SR. CLÓVIS BRUM: Peço desculpas ao Ver. João Dib, ao Ver.
Edi Morelli, ao Ver. Leão de Medeiros, na oportunidade de ocupar o tempo do
Ver. Luiz Machado eu terei a dívida em conceder esses três apartes. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Artur Zanella.
V. Exª está com a palavra.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, agora já
começam a aparecer os documentos. E, Ver. Clóvis Brum, também, os novos
argumentos.
Deixarei
para depois o documento de São Paulo, mas, primeiro, queria dizer a V. Exª e,
também, às pessoas que nos visitam hoje, que esses assuntos aqui não são
tratados partidariamente. Que, efetivamente, não imaginava que um cabo
eleitoral do Ver. Valdir Fraga o procurasse para cobrar um voto em troca de um
apoio. Até seria inútil, porque o Ver. Valdir Fraga, como Presidente, não vota.
E o Ver. Clóvis Brum, para justificar um determinado Projeto, fala que o Ver.
Edi Morelli apresentou um projeto que propõe a cedência ou a venda de
camisinhas em motéis. Não é com este acidente que estou preocupado, Ver. Clóvis
Brum. Não é com este acidente! Eu estou preocupado é com outro acidente. Não é
o Projeto do Ver. Edi Morelli que será tratado depois. Estou preocupado é com
outro acidente.
Estou
preocupado porque foi assinado um acordo na maior boa fé, sem o conhecimento da
Câmara Municipal de Vereadores, no dia da greve, o Sr. Prefeito Municipal, nos
cinco minutos que concedeu aos Líderes que foram lá, distribuiu uma coisa e
disse: “olha, me dá uma mão nesse acordo, tem um projeto que vai resolver tudo
isso aí”. E aí que nós vimos um acordo que, segundo praxe vigente, que é
desmentida pelo Ver. Elói Guimarães, que é desmentida por mim, que é desmentida
pelo Ver. João Dib, nunca houve essa praxe, a menos que o Ver. Antonio
Hohlfeldt lá o faça, mas que eu conheça nunca houve a praxe de os fiscais da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre não fiscalizarem o transporte escolar.
Assim como nunca houve a praxe, assinada nesse acordo, de que os fiscais dos
transportes serão a UTEPA, que são os transportadores, e a Associação dos Pais
e Mestres. Essas entidades, por mais respeitadas que sejam, por mais honestas e
felizes que sejam, não têm o poder de fiscalizar coisa alguma. Então, assinaram
com os senhores um acordo que não tem nada a ver com legalidade.
Então,
o Ver. Clóvis Brum disse: se citam leis. Claro que se citam leis para serem
cumpridas. E quanto aos quinze de São Paulo, a matemática do Ver. Clóvis Brum é
extremamente importante, extremamente interessante: quanto mais criança, mais
segurança. Então por que não colocam vinte, trinta? É mais seguro ainda, fica
todo mundo, aí não dá para correr para lugar nenhum. E eu vi com que zelo, com
que diligência os motoristas e proprietários cuidam das crianças, das oito
crianças, numa Kombi que não é de 1976. Porque a Kombi, se tiver doze anos de
vida útil, é de 1976.
E
eu pergunto agora, já que o Ver. Clóvis Brum perguntava se os pais cuidam das
crianças nos seus belos carros nos bancos traseiros, eu pergunto ao Vereador se
ele anda com seus filhos numa Kombi 1976. Isso eu gostaria de saber.
O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Uma das colocações que ia fazer ao Ver. Clóvis Brum - que
gentilmente não nos concedeu o aparte, criticou tanto o PT por isso, mas fez a
mesma coisa agora - é que o ano passado eu procurei o Prefeito de Porto Alegre,
para que fosse colocada mais uma criança numa Kombi escolar, ele disse que não
podia alterar uma lei federal. Será que esse ano pode?
O SR. ARTUR ZANELLA: Mas o Ver. Clóvis Brum, além de não me
dar o aparte, ele nem está sentado na sua cadeira, neste momento, mas, não tem
problema.
Então,
meus senhores, estou encaminhando nesse momento um Pedido de Informações ao Sr.
Prefeito acerca daquele acordo. O que é a praxe vigente essa que aparece no
acordo? Que os oito passageiros previstos pelo atual Decreto, não é Decreto, é
Lei, pergunto então o número dos Decretos... Haverá fiscalização solidária da
UTEPA, Federapars, ACM? E eu pergunto, inclusive, como é que a Federapars e a
ACM não assinam o termo de acordo. Elas não assinam. Gostaria, Ver. Gert
Schinke, que V. Exª me trouxesse aqui o acordo, já que V. Exª o tem.
Enquanto
ele traz... Está aqui o acordo. “O Prefeito Municipal de Porto Alegre, abaixo
firmado, e o Presidente da União dos Transportadores Escolares de Porto Alegre
– UTEPA -, firmam pelo presente acordo o seguinte:...” Não constam essas
entidades. Constam as assinaturas, mas aqui no acordo não constam. Vou ler
novamente, querem? Ah, o Ver. Gert Schinke, transportador, pensei que ele
gostasse só de bicicleta, ele gosta também do transporte, me mostra: “...dentro
da segurança prevista em lei e assegurada pelos transportadores, com a
fiscalização solidária da UTEPA, da Federapars e da ACM”. Isso não é assinatura
de acordo, Vereador, isso é a citação das pessoas que vão fiscalizar, irregularmente,
diga-se de passagem, porque a fiscalização é indelegável. Pergunte para o Dr.
Eno Dias de Castro que ele vai lhe dizer isso.
Depois
pergunto: como é que fica acordada, igualmente, a implantação gradativa do
tacógrafo no transporte escolar e nos termos da lei, em prazos a serem
definidos de comum acordo entre a SMT e UTEPA, se existe um Código Nacional de
Trânsito que diz que esse aparelho é obrigatório? O carro não pode sair sem
este aparelho. Não tem acordo que faça, e mais, a Lei que fala, que o Sr.
Prefeito falava que ia regularizar o acordo, na Lei não tem isso. Porque o Ver.
Clóvis Brum, que agora nos dá a honra, é um dos Vereadores mais inteligentes
desta Casa, ele sabe, por isso não botou na Lei, ele sabe que não pode uma lei
municipal alterar uma lei federal, mas está no acordo. E por aí afora.
Então,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, já falei no encaminhamento do primeiro
requerimento de adiamento, de que uma lei municipal de Porto Alegre não pode
alterar a legislação federal. Se uma portaria do Detran de São Paulo alterou, o
problema é de São Paulo. Se uma portaria do Rio Grande do Sul alterasse uma lei
federal, eu entraria na Justiça, como já entrei outras vezes, e a Justiça
define essas coisas. Agora, não é portaria. Há poucos dias, o Ver. Vieira da
Cunha rasgou desta tribuna uma portaria de um general e atirou no chão, porque
dizia que portaria não alterava lei. E eu continuo dizendo que portaria não
altera lei.
E
não estou tratando dos passageiros de São Paulo. Não estou tratando dos
colégios de São Paulo. Não estou tratando nem dos meus filhos que agora não
usam mais transporte escolar, sempre usaram, sempre foram bem tratados, usam o
táxi-lotação, já têm idade suficiente e vão pelo transporte coletivo. Estou
tratando, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, da responsabilidade desta Casa em
aprovar uma lei flagrantemente ilegal em relação à legislação federal. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
assunto é sério? É claro que é sério. Nós vamos levar mais algum tempo nesta
tarde debatendo esta matéria que não é uma matéria leve, não é uma matéria
simples, meridiana.
O
que estranho de saída é que há poucas horas atrás, na Sessão de segunda-feira,
esta Casa durante praticamente quatro horas debateu um veto do Prefeito Olívio
Dutra à matéria oriunda deste Legislativo, sob o seguinte argumento: para se
dar o nome de Moysés Vellinho ao Arquivo Histórico de Porto Alegre é preciso
uma ampla consulta popular. O que dizia o Líder político do PT nesta Casa? Que
o Partido dos Trabalhadores queria ouvir o povo de Porto Alegre, as associações
comunitárias, os ecologistas, a OAB, a FRACAB, a UAMPA, enfim, uma ampla consulta
para saber se a comunidade porto-alegrense queria ou não manter o nome de
Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho e ficamos aqui quatro horas
até derrubar o Veto do Dr. Olívio Dutra por razões conhecidas da Casa. Agora,
esse acordo que vem hoje à Casa, ao lado da lei a ser votada hoje, não ouviu a
ampla alma porto-alegrense para discutir uma matéria que diz respeito ao
interesse de vocês e ao interesse dos pais responsáveis pelas crianças
transportadas.
Primeiro
lugar, gostaria de dizer que a companheira Zélia, o companheiro Joel e tantos
outros companheiros, que são transportadores e que, eventualmente, sejam
integrantes do nosso Partido político, historicamente, sabem que esta Lei já
foi aprovada nesta Casa, no ano passado, Lei de autoria do Ver. Clóvis Brum,
fixando em doze crianças por Kombi escolar. Esta Lei foi vetada por Alceu
Collares e o Veto não foi derrubado na Casa.
Então,
faria um questionamento inicial aos Vereadores - é muito importante a presença
de todos aqui, porque é importante que o povo esteja ao lado de seus
representantes, porque ninguém veio para cá por acaso, todos nós recebemos
votos da Cidade e viemos para cá eleitos pelo voto direto e secreto e universal
e temos responsabilidade -, por que razão alguém que participa de um transporte
que considero ótimo... Já fui cliente de transportadores escolares, quando meus
filhos eram pequenos, efetivamente é um serviço exemplar, esta faixa que está
fixada no plenário é correta. Eu não sei se o Ver. Cyro Martini, pesquisando no
Detran, encontrará ou não um ou outro acidente, mas se encontrar é algo comum,
pois vivemos numa Cidade que não foi planejada, de difícil trânsito, alagada a
qualquer chuva, difícil de se dirigir nela. A frota só para os alunos, que é a
melhor do Brasil, que as famílias é que dirigem o serviço, que 95% dos
transportadores são os motoristas os proprietários. Isto é bom. Então, se é
bom, por que mudar? Qual é a vantagem para o dono de uma Kombi escolar, que
tem, hoje, um transporte ótimo nas mãos, que presta um serviço social, em
aumentar o número de passageiros? Qual é a vantagem? Se eu sou dono de uma
Kombi escolar que custou o meu suor, o meu trabalho, muitas vezes a minha
aposentadoria, o meu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, e dela eu tiro o
pão para a minha família, se eu transporto oito crianças, por que eu vou
transportar doze crianças? É óbvio que as crianças pesam menos que os adultos,
mas se oito crianças pesam duzentos e quarenta quilos, doze crianças vão pesar
trezentos e sessenta. E é evidente que mais peso é mais desgaste para o veículo
e mais consumo de combustível. Isto tudo é um arreglo em questão da tarifa.
Mas,
onde é que fica o Poder Público, Srs. Vereadores do PT? Estes homens e estas
mulheres precisam de uma tarifa justa, ela não pode ser maquiada. O problema é
tarifário. Eu acho que quem sai de casa, de manhã, para pegar nossos filhos,
levar para escola, sol, chuva, vento, calor, frio, inverno, verão, primavera,
estas pessoas têm que ter a sua justa remuneração. Se a tarifa, hoje, anda em
volta de trinta cruzados novos mensais, eu ouvi uma senhora dizendo, num aparte
carinhoso, ao Ver. Wilson Santos, que, se não for aprovada esta lei, a tarifa
iria para cem cruzados mensais. Não sei se é isso, acho que isso deve ser
debatido nesta Casa. De repente, até podemos mudar o nosso posicionamento;
agora, liminarmente, eu não vejo justiça em se aumentar o número de crianças
para manter uma tarifa que para vocês tem que ser justa. A tarifa tem que ser
justa no ônibus, no táxi, na Kombi-lotação, no transporte escolar, enfim, onde
for transportado alguém, aquele que for dono do negócio tem que ser remunerado.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu gostaria de chamar a atenção que os transportadores já vêm transportando
na média de doze crianças há vários anos, eles não vão aumentar o número de
alunos já transportados.
O SR. DILAMAR MACHADO: Eu até admito. Nós vivemos num país
maluco, de uma economia desorganizada, nós, chefes de família, vocês, donas de
casa, vivemos numa angústia permanente neste País. Ninguém sabe onde é que
começa e termina o legal, onde começa o moral e o imoral. Se isto é uma praxe,
como me confirma o Ver. Besson - e eu confio na informação que ele me dá, é um
homem de comunidade, de luta -, por que transformar em lei? Porque aí, meus
queridos companheiros transportadores, é provável que, transformado em lei,
maquiem a tarifa de vocês, o direito que vocês têm de ter a remuneração justa
do trabalho. Quanto à Kombi, vocês que compram muitas vezes financiada,
explorados pelas financeiras, muitos de vocês já devem ter sido executados, já
devem ter tirado a Kombi de vocês, por falta de pagamento, se um filho adoece,
se a mulher adoece, ou se o dono da Kombi, o motorista, adoece, quem é que leva
o pão para dentro da casa de vocês? Se há uma praxe, por que mexer nisso? O que
pode ocorrer, futuramente, é o seguinte: esta Casa, por uma questão de
sensibilidade, eventualmente aprova a lei do Ver. Clóvis Brum. Aí, a praxe
passa para quinze ou dezesseis. Isto não é vantagem para vocês.
O Sr. Nelson Castan: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu queria, também, tentar contribuir para o esclarecimento desse
assunto. Há pouco eu saí do Plenário e consultava um dos advogados que fazem
parte da Assessoria Técnica da Câmara, acerca das implicações dessa lei, na
eventualidade que, certamente, nenhum de nós deseja: um acidente, e como se
comportaria a seguradora no caso do seguro obrigatório. Dado que a Lei Federal
é muito clara, limitando o número de passageiros, será que a seguradora iria
indenizar, ou esse ônus seria de outro? Quem seria esse outro? Seria a
Prefeitura, que aprovou uma lei contrária à lei federal, ou seria o próprio
proprietário do veículo? Esta é mais uma questão que deve ser refletida, para
que não incorramos em erro.
O SR. DILAMAR MACHADO: Eu não gostaria nem de pensar nisso. Eu
acho que a gente, que é pai - eu criei quatro filhos -, não quero nem pensar,
seja numa Kombi, num ônibus, seja onde for, um acidente é trágico, é triste.
Estamos aí vivendo a angústia do Governador do Estado, que me parece ter uma
sina de acidente na sua vida. Já perdeu um filhinho num acidente, perdeu a
esposa de forma trágica, está com os dois filhos sendo operados, e ninguém quer
pensar nisso. Também não queremos levar para o lado trágico da questão. Mas vou
dizer aos transportadores: se houvesse uma possibilidade de separar o Projeto,
eu, particularmente, Ver. Dib, não votaria contra a possibilidade de ampliar o
tempo de vida útil das Kombis. Até por que as Kombis escolares, efetivamente,
são veículos muito bem cuidados. Basta olhar na rua. A gente vê que as Kombis
são bem cuidadas, porque é o dono do veículo que dirige, aquele ali é o
instrumento de trabalho dele e, se ele for judiar do seu instrumento de
trabalho, ele fica sem ele. Efetivamente, não vejo grande problema em ampliar
de dez para doze anos a vida útil das Kombis. Mas o problema das lotações me
preocupa e não é só no aspecto legal, se é inconstitucional ou não, é no
aspecto humanístico, é no nosso dia-a-dia, porque vocês transportadores também
têm filhos, vocês são pais, vocês são mães, vocês têm crianças da própria
família que devem ser transportadas também. É uma questão humana.
Eu
gostaria de dizer a V. Exas, Srs. Vereadores, que não houve uma
discussão mais ampla desta matéria, o que seria interessante. O Ver. Zanella
andou correto quando propôs um adiamento, que não foi aceito pelo menos de
pronto pela Liderança do PT. Eu acho que discutir um pouco mais, talvez por uma
Sessão ou duas, não faria mal, até para mudar a posição de alguns Vereadores. A
posição da nossa Bancada, do PDT, se não total, pelo menos majoritária, é de
rejeitar o Projeto, pelos aspectos que acabo de enumerar e, principalmente,
porque, historicamente, a nossa Administração era contra. Isto deve ter sido
discutido pelos transportadores com o Prefeito Collares, pois já o Prefeito
Collares vetou.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Dilamar Machado, o Ver. Wilton
Araújo inscreveu-se e cede seu tempo a V. Exª, desde que haja a concordância
dos seguintes Vereadores: Luiz Machado, Gert Schinke, Giovani Gregol, Adroaldo
Corrêa, Elói Guimarães, Cyro Martini, João Motta, Isaac Ainhorn e Airto
Ferronato. O silêncio tomamos como concordância de todos. V. Exª dispõe de mais
dez minutos.
O SR. DILAMAR MACHADO: Eu agradeço ao Ver. Wilton Araújo e aos
demais Vereadores que proporcionam a seqüência do meu argumento. Eu gostaria de
voltar ao ponto inicial: qual é o problema que leva os transportadores a
lutarem pelo aumento de lotação nos seus próprios veículos? É a tarifa,
companheiros. É a tarifa. Evidentemente que não é possível, tecnicamente, que
alguém que é dono de uma Kombi escolar, seja 1980 ou 1988, que, ao invés de
transportar oito crianças e receber, como remuneração, no final do mês, 300
cruzados, transportar doze crianças e receber os mesmos 300 cruzados. O que se
sabe, o que está em jogo no acordo feito na Prefeitura, é uma hipotética
redução tarifária, com o aumento de lotação legalizado pela Lei que está em
discussão nesta Casa.
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, por uma análise simples, meridiana, quem é
transportado pelo transporte escolar em Porto Alegre? Serão por acaso os filhos
dos operários, ou pelo menos a maioria das crianças transportadas são as
crianças lá da Vila Jardim, Bom Jesus, Restinga, Vila Mapa, Vila Farrapos, será
que a maioria é destas crianças? Evidente que não é. É evidente que um operário
que ganha dois, um salário mínimo não tem como custear uma Kombi escolar. Eu
também não diria que são os ricos, porque os ricos mandam levar os seus filhos
com os seus motoristas, com os seus carros particulares. É a classe média. O
pai trabalha, a mãe trabalha. Moram distante da escola, ou há alteração de
domicílio e usam o transporte escolar como, já disse e repito, já usei muitas
vezes, não tenho queixa nenhuma. Durante muito tempo meus filhos foram
transportados com toda a segurança, com todo o zelo e tenho muitos amigos
dentro do ramo do transporte escolar em Porto Alegre.
Agora,
vir o Ver. Clóvis Brum, autor da matéria, misturar o transporte de crianças com
as camisinhas de vênus dos motéis, é no mínimo um argumento falho e que depõe
contra a inteligência do Vereador, não tem nada a ver uma coisa com a outra.
Quem vai para motel é porque vai fazer amor, faça com quem quiser e se
responsabilize pelo seu ato. Agora, aqui não, aqui nós estamos tratando de
transportar as crianças dos porto-alegrenses.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, talvez V. Exª tenha sido infeliz na interpretação
da minha colocação. O que eu quis justificar é que o fato social gera a lei, é
que os vários problemas sociais estão a cobrar da Casa a iniciativa
legislativa. A iniciativa do Ver. Edi Morelli, talvez vista assim
primariamente, em termos de amor, ela tem um sentimento social muito mais
relevante do que V. Exª possa imaginar. Ela é uma prevenção, a iniciativa do
Ver. Edi Morelli, é uma prevenção. É que a nossa característica de província
não permite examinar com profundidade este Projeto do Ver. Edi Morelli. Agora,
se nós examinássemos com profundidade, com o desempenho social que nós temos
nesta Casa, nós veríamos, efetivamente, que a Aids é um alarmante monstro à
saúde pública neste País.
O SR. DILAMAR MACHADO: Eu agradeço ao Vereador. Ele tem certa
razão, mas mais uma vez argumenta com debilidade, porque nada a ver o problema
da Aids, da campanha mundial hoje contra esta doença infeliz, com o transporte
escolar. V. Exª fala em problema social, necessidade social e eu volto a
repetir o âmago dessa questão: o problema não é problema social, o problema é
tarifa. Todo esse acordo foi feito para que fosse concedida a tarifa, todo o
acordo foi feito para remunerar razoavelmente o transportador escolar. Então,
eu deixo uma questão aos Vereadores da Bancada governista: se esta Casa,
eventualmente, não aceitar as alterações previstas na Lei que regula o
transporte escolar, ou seja, não autorizando legalmente serem transportados
quinze passageiros, qual será a alteração? Qual será a alteração? O Prefeito
Olívio Dutra vai reunir os transportadores e vai dar-lhes uma nova tarifa? Ou o
Prefeito Olívio Dutra vai manter esta tarifa? Vai manter a tarifa, me responde
o companheiro, é este o resultado. Se nós dermos as doze crianças, o Prefeito
mantém a tarifa também? Então, eu diria a V. Exª que eu não estou entendendo
mais nada. Se colocando doze crianças na Kombi de vocês a tarifa é esta, se
mantendo oito crianças a tarifa é esta, pelo amor de Deus me aplaudam. Eu quero
oito crianças na Kombi de vocês com a mesma tarifa. Porque então eu não entendo
mais qual é a vantagem que essa Casa tem em alterar uma Lei que regula de
acordo.
E
isso aí que foi levantado pelo Ver. Nelson Castan é em defesa de vocês. Eu falo
agora como advogado que durante muito tempo militou em acidente de trânsito. O
transporte é regulado pelo Certificado de Propriedade de Lotação do Veículo. Se
eu sou proprietário de um carro particular, tenho um carro que diz ali, cinco
passageiros, ou cinco pessoas, e - lamentavelmente pode ocorrer com qualquer um
de nós - tiver um acidente com esse veículo com sete pessoas dentro, a força do
seguro obrigatório vai até o limite dos passageiros do veículo. E os outros dos
passageiros que estiverem ali dentro, o excesso de passageiro correrá por minha
conta, como responsabilidade civil. E isto é um problema que deve ocorrer com
vocês, que deve pelo menos entrar na cabeça do transportador. De repente,
ninguém deseja, não quero argumentar nesse terreno porque eu não sou fatalista,
mas nós somos humanos e vivemos numa Cidade meio maluca, como eu disse, com o
trânsito complicado, imaginem o drama, o problema. Então, se não há vantagem
nenhuma para os transportadores em ampliar o número de crianças, porque a
tarifa é a mesma, seja com oito, ou seja com doze, porque doze crianças vão
aumentar o trabalho de vocês, vão aumentar o peso do carro, vão desgastar mais
o veículo, vão gastar mais combustível. Gasta, companheiro, essa é uma questão
técnica. Um carro que transportar duzentos quilos vai gastar um determinado volume
de gasolina ou de álcool, percorrendo determinado trecho. Se esse automóvel
transportar quatrocentos quilos, ele vai, necessariamente, consumir mais
combustível. É uma questão técnica, mecânica, desde que criaram o automóvel é
assim. Por isso é que têm, hoje, automóveis bem mais leves, como o Fiat, por
exemplo, que é mais econômico porque é um carro de carroceria muito leve. O Gol
1.8, esse que quase matou os filhos do Governador, tem uma carroceria que não
poderia atingir velocidade superior a cem quilômetros, ele anda a trezentos e
está matando gente, porque é um carro leve demais para a potência do motor que
tem. Agora, é um carro que consome muito combustível, muito mais do que um
Passat, uma Kombi ou um Chevette.
Então,
eu diria que a matéria não está bem clara para mim. Vejo os Vereadores se
movimentando na Casa e não tenho ainda argumento que conscientize a mim, como
Vereador, de votar a favor do Projeto do Ver. Clóvis Brum. Primeiro, porque ele
foi votado nesta Casa e vetado pelo Prefeito, e o Veto foi mantido. Eu conheço
o companheiro Collares, especialmente suas profundas ligações com a classe dos
senhores, especialmente com o companheiro Pinho, que não sei se ainda é o
Presidente da Associação. O Pinho tinha o maior acesso ao gabinete do Collares
sobre assunto de transporte escolar, porque é amigo pessoal de Collares,
inclusive vizinho. Quando o Collares morava na Ivo Corseuil, muitas vezes
encontrei o Pinho na Casa do Collares. Então, se naquela época houve uma
conversa ampla, é que o assunto estava esclarecido.
Eu
só pediria aos transportadores e às transportadoras aqui presentes: não abram
mão dos seus direitos nunca, lutem por eles, essa é uma questão decisiva nesta
Nação; agora, tenham muito cuidado com os acordos que visam pura e simplesmente
a sacrificar mais o trabalho de vocês para manter uma tarifa que, do meu ponto
de vista, não é justa. Pode ser que o poder aquisitivo do porto-alegrense seja
baixo, que os salários sejam arrochados, mas se o transportador cobra 30
cruzados para transportar oito crianças, hoje, para receber 240 cruzados no fim
do mês, trabalhando todos os dias ou, pelo menos, de segundas a sábados, eu
considero absolutamente impossível sobreviver com esse valor. É uma tarifa
miserável, é baixa, não é digna do trabalho de vocês. Acredito que qualquer
táxi ganha muito mais do que isso. Pelo menos me parece, do ponto de vista
prático.
Então,
eu gostaria de, na sucessão dos Vereadores que aqui virão, especialmente
aqueles que se posicionam favoráveis à matéria, que expliquem à Bancada do PDT,
expliquem a nós Vereadores do PDT e a outros Vereadores que já se manifestaram,
por que votar a favor. Se com oito crianças a tarifa vai continuar 30 cruzados
e com doze também vai continuar 30, indiscutivelmente eu voto contra e a favor
dos senhores, que vão manter a mesma tarifa e transportar menos e dar,
hipoteticamente, mais segurança às crianças. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Luiz Machado.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje o
assunto é transporte escolar. O transporte escolar para mim, que tenho filhos
conduzidos por este sistema de transporte, está em muito boas mãos. Esta é a
minha colocação, haja vista que nos dias de hoje já são conduzidos doze
crianças por acordo entre os CPMs e os transportadores, no sistema escolar. Por
tudo isto, há uns doze anos tenho filhos que são conduzidos neste sistema de
transporte e jamais seria um irresponsável de criar para meus próprios filhos,
para filhos dos meus amigos, a insegurança para eles.
Portanto,
trago aqui algumas colocações de alguns Vereadores que me antecederam e que
esqueceram de dizer que, no falar em segurança para nossas crianças, também
temos que falar em segurança para os pais dos nossos filhos, dos nossos amigos,
pois eles também são conduzidos na superlotação dos ônibus, a cada dia, a cada
hora, e ninguém fala nada.
Temos
aqui, na Câmara, se não me falha a memória, três Vereadores que foram
Secretários dos Transportes, quero dizer que estes Vereadores e Secretários dos
Transportes, na época, todos debateram com a comunidade da nossa periferia e
viram como é difícil responder a essa comunidade e dizer: vocês têm segurança,
porque nós vamos lutar para tanto. Agora vem a pergunta ao ex-Secretário e hoje
Vereador Artur Zanella. O Ver. Artur Zanella, quando Secretário dos
Transportes, ignorava a superlotação nos ônibus da nossa periferia,
principalmente na zona em que eu moro, Vila Restinga: com 30% de lotação a mais
do que a permitida por lei. Eu pergunto: aqueles passageiros não corriam risco
nenhum, eles tinham segurança? Não tinham segurança, a segurança era mínima.
Então,
eu quero dizer, por tudo isso aí, é satisfatório para mim saber que o Vereador
hoje, ou até mesmo há tempo, vem lutando em defesa das nossas crianças. Só que
a segurança das nossas crianças também deve ser dado aos pais. Essa é a minha
colocação.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quero dizer a V. Exª, que deve se lembrar que eu fiz inúmeras
reuniões lá na Vila Restinga, inclusive uma proposição que nós levamos, de
transporte, as Lideranças não aceitaram e não foi implantado. O que se tinha na
época em que eu era Secretário de Transportes, primeiro porque o transporte
escolar não estava sob jurisdição, e eu posso lhe garantir que os ônibus eram
multados de forma sistemática, inclusive as campeãs de multas eram a Carris, do
Município, e a Belém Novo, exatamente por apresentarem deficiências. E por
diversas vezes multei e recolhi táxis-lotação e táxis. Enfim, fiz o que podia,
só que o transporte escolar naquela época, em função da legislação federal, não
estava sujeito ao Município.
O SR. LUIZ MACHADO: Vereador, eu entendo a sua colocação, só
que eu faço ver que a segurança é para todos os cidadãos e não apenas para seus
filhos.
Por
tudo isso aí, eu sou favorável ao Projeto do nobre Vereador Clóvis Brum, meu
Líder, porque já estão sendo conduzidas doze crianças por uma Kombi escolar.
Então, se há acordo com os CPMs nisso aí, há vários acordos, então, não vai
haver prejuízo nenhum e nem insegurança. Sou favorável, mas faço ver que todos
os Secretários que visitaram a nossa periferia saíram de todas as reuniões
vaiados.
O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Achei extremamente grave a colocação de V. Exª de que as Kombis
estão transportando doze.
O SR. DILAMAR MACHADO: Vinham transportando doze de acordo com
alguns segmentos.
O Sr. Wilson Santos: Vinham contrariando a lei, até porque o
acordo não tem valor de lei e, além disso, há o inciso V, vou falar depois no
inciso V do art. 32 da Lei Orgânica. Ele prevê que inclusive acordos e
convênios de interesse do Município sejam chancelados por esta Casa. Então, eu
gostaria de ter a relação das placas desta Kombis, porque gostaria de examinar,
à luz da lei, os infratores.
O SR. LUIZ MACHADO: É uma satisfação saber que o Senhor está
preocupado com a lei, uma vez que é um ex-trabalhador da segurança pública,
haja vista que a Brigada tem conduzido bem a nossa segurança.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Só para confirmar que, efetivamente, telefonei há pouco para a
Secretaria Municipal dos Transportes, até porque vinha se dizendo, nesta Casa,
que se transportava mais do que oito. Não vou dizer o nome da pessoa com quem
falei até por respeito e porque não pedi autorização para tal, mas esta pessoa
me informou que, efetivamente, vinha se transportando mais do que oito pessoas,
aliás, confirmando o que se dizia nesta Casa.
O SR. LUIZ MACHADO: Ótima a sua colocação. É de perguntar ao
nobre Ver. Wilson Santos, por que não se preocupa com os ônibus que estão com
excesso de lotação. Assim como ele quer procurar os caminhos legais para
prejudicar os transportadores de escolares, por que ele não vai atrás dos
empresários e tenta multar e tenta trabalhar para nós termos um transporte mais
digno. Em tudo isso aí está se vendo um lado da sociedade e não se vê o outro.
Quando se quer fazer o direito, o direito é para todos. É essa a minha
colocação.
O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exª acha que nós vamos igualar pelo errado. V. Exª considera
errado o excesso de lotação nos ônibus, acha errado, luta contra esse erro de
transportar excesso. Errado, e V. Exª se preocupa e lutou por isso. Então,
porque o transporte coletivo vem transportando excesso vamos, então, legislar
pelo erro, vamos entender que é justo que a Kombi coloque o risco. E, depois,
no encaminhamento vou colocar, a preocupação é tão grande, se aprovado o
Projeto vai se cometer uma ilegalidade. E nos resguardando, porque poderão
haver problemas, eu, pelo menos, vou tentar resguardar e colocar esta lei sub judice, vou recorrer ao Poder
Judiciário, porque além de uma ilegalidade, continuo entendendo que é um risco.
E concordo com V. Exª e de repente que não estava conscientizado para este
aspecto, e não escondo, quando, realmente, não me ative à fiscalização de
excesso nos ônibus e até por coerência vou me interessar por esse aspecto que
também é errado.
O SR. LUIZ MACHADO: Temos que também entender que a segurança
é para todos. A minha colocação de ser contra a superlotação dos ônibus, ela
vai no sentido de que nós criamos cabelo branco vendo os ônibus superlotados e
ninguém vai fazer nada por isso. Nós temos aqui um ex-Prefeito, conduziu os
destinos da nossa Cidade, o Sr. João Antônio Dib, e também não resolveu este
problema de superlotação. E não é Antonio Hohlfeldt com a intervenção que vai
resolver, também. O Ver. Elói Guimarães esteve na Restinga e viu que a
comunidade lotou um salão e o Vereador, Secretário na época, não teve condições
de explicar ao povo como poderia manter a Lei que fixa a lotação em noventa e
sete passageiros.
É
esta a minha colocação. Sou favorável ao Projeto e vou votar favorável como
pai, como cidadão e como Vereador.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, o Ver. Airto Ferronato se
inscreve e cede seu tempo a Vossa Excelência.
O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço, mas encerro o meu discurso. A
minha colocação é esta. Sou favorável ao Projeto. Portanto, vou votar com
consciência, com dignidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador, Ver. Gert Schinke.
O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
distintos ex-colegas de transporte escolar que, infelizmente, e é importante
que se diga, a maioria dos quais se retirou das galerias do Plenário para
transportar as crianças, neste momento, e não estão nos assistindo agora. Mas
não tenho que dirigir meu discurso a eles, mas, sim, aos Srs. Vereadores que
ainda estão em dúvida sobre este Projeto de Lei assinado pelo Ver. Clóvis Brum,
com o qual integralmente concordamos, porque ele é fruto de uma situação que já
se consagrou há anos em nossa Cidade. Ao contrário do que se alega aqui, que
não houve discussão sobre este Projeto, houve sim. Houve uma intensa discussão
nas entidades que dizem respeito à educação na Cidade, juntamente com a SMT, e
que estabeleceram esse tal acordo que foi referido por todos.
É
importante remontar um pouco à história do transporte escolar. Quando fundamos
a UTEPA - eu sou um fundador dela -, que é a União dos Transportadores
Escolares de Porto Alegre, em julho de 1979, tentamos fazer um movimento que
pela primeira vez unificava os transportadores em função de seus interesses.
Quais eram eles? O fundamental era o de regularizar e legalizar um transporte
que até então não havia regulamentação sobre ele. Era uma verdadeira catástrofe
que se vivia no início de todos os anos letivos, quando os transportadores se defrontavam
com um ou outro Secretário dos Transportes que inventava de fazer um grande
movimento na sociedade, levantando problema na segurança do transporte escolar,
que é o mais seguro desta Cidade. Ninguém pode vir aqui falar de sã
consciência, e eu quero números que mostrem, que o transporte escolar é
inseguro. É o melhor transporte, é o transporte mais eficiente. Por quê? Porque
ele avançou, ele foi regulamentado, diga-se de passagem, com um trabalho
intenso que envolveu as associações de professores, de pais e mestres, as
secretarias municipais de transporte anteriores e a nossa UTEPA, que sempre
esteve envolvida e foi a maior interessada para regulamentar este transporte
escolar. A UTEPA, em nenhum momento, se furtou à regulamentação ou fugiu da necessidade
de legalizar o transporte escolar na Cidade. Por isso, Porto Alegre tem, e eu
tenho orgulho de dizer isso, o melhor transporte escolar do Brasil. Isso é
inquestionável.
Muito
bem, a Lei, que é de autoria do ilustre Ver. Clóvis Brum, é incompleta, a Lei
nº 6.091, a qual nós estamos, através desta Emenda, também de autoria do
Vereador, complementando. Por quê? Porque, de uma vez por todas, nós temos que
definir em lei o que na sociedade se pratica e sempre se praticou.
Eu
quero que alguns dos ex-Administradores, como o ilustre Prefeito João Dib ou
outros aqui, entre nós, que foram Secretários dos Transportes venham aqui
contradizer o que eu estou afirmando, porque durante sete anos eu fui
transportador e fui lá na vistoria da SMT, andei sete anos nas ruas da Cidade.
O que se praticava era um acordo de cavalheiros que permitia a lotação de doze
crianças dentro das Kombis escolares desta Cidade. Isto nunca está em Lei
Municipal. Este acordo era feito cada início de ano quando alguém inventava de
dizer na imprensa que aconteceu um acidente com o meu filho, coisa e tal, aí um
jornal ou uma rádio fazia uma reportagem escandalosa sobre o acidente, um
arranhão no cotovelo do aluno dentro da Kombi escolar. Aí, o Secretário, para
pegar as dores do problema da segurança, muito preocupado que estava, ia lá e
dizia: “Não, agora eu vou fiscalizar, de uma vez por todas, o transporte
escolar e vou botar o dedo em cima”. O que acontecia? Dava aquele rebu, dava
uma manchete enorme, para preocupação do Secretário, mas não regulamentava a
lotação do transporte escolar. Sempre os transportadores escolares, até hoje,
foram manobrados, inclusive, com essa chantagem que se fazia com relação a
eles. No início era assim: “Vem cá, nós agora vamos fiscalizar o negócio”.
Então, se entende por que é tão vital e importante para os transportadores.
Nisso eu vejo grande mérito desse decreto-lei, dessa emenda, que regulamenta,
de uma vez por todas, essa história da lotação, porque isso vai exatamente ao
encontro de uma angústia vivida anualmente por nossos transportadores desta
Cidade.
A
questão da lotação, vejam bem, meus ilustres Vereadores, alegar que são cem,
duzentos quilos de diferença, quando a Kombi é um veículo consagrado
mundialmente, aprovado pelas Normas Técnicas de Construção de Veículos deste
País! Quando eu fiz referência a este laudo da Volkswagen, que atesta, por
questões de segurança, de espaço e de conforto, que pode transportar quinze
crianças dentro de uma Kombi, quando isto era muito praticado, quinze crianças
era o normal, era o usual, a Volkswagen atestou que não há problema nenhum,
atende às normas técnicas da Kombi, é perfeitamente possível, porque ela pode
transportar até mil quilos, e as crianças com aquele pesinho não somam
quatrocentos quilos, na sua totalidade. Esse tipo de argumento é ridículo.
Outro argumento que eu considero completamente ridículo é essa questão do
espaço dentro da Kombi. Se oito crianças vão influenciar no desgaste em consumo
de combustível, com doze é muito maior! Ora isto é a mesma coisa que comparar
um automóvel que está circulando com uma pessoa e que com duas gasta o dobro! É
ridículo esse argumento, até parece que as pessoas não fazem as suas contas
quando vão fazer uma viagem, quando vão fazer uma média de quilometragem. É o
mesmo percurso. A diferença de peso, de esforço mecânico do veículo é
infimamente insignificante do ponto de vista se são oito ou doze crianças
pequenas.
E
a questão que se coloca, e eu gostaria de lembrar aos Srs. Vereadores, é que
isto tudo está sujeito a uma rigorosa fiscalização por parte da SMT que,
inclusive, agora, está na rua, fiscalizando os transportadores que há pouco se
retiraram para transportar as crianças e que estão fiscalizando já a aplicação
deste acordo. É verdade que não é lei, é por isto que temos que transformá-lo
em lei, mas que estão fiscalizando lá, para que não ultrapassem este limite de
crianças, que já é um limite consagrado há anos, décadas, aqui na nossa Cidade.
Então, a questão da fiscalização remonta ao argumento que vem se colocar aqui
sobre outros transportes.
Ora,
aqui fazer proselitismo político, argumentando que a pobre criancinha precisa
de maior cuidado, maior segurança, quando se defende tão ardorosamente os
grandes empresários do transporte coletivo desta Cidade, que negligenciam tanto
as questões de segurança no transporte coletivo, que não transporta oito, nem
doze, que transporta cento e vinte dentro dos ônibus, inclusive crianças! Pois
criança não entra dentro do ônibus, não entra dentro de lotação? Transporte
escolar é uma questão à parte neste problema da segurança? Ora, este argumento
é completamente ridículo!
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte?
O SR. GERT SCHINKE: Eu permito pela sua insistência, Ver.
Dib.
O Sr. João Dib: Eu quero dizer a V. Exª que eu não sou
contrário a oito, dez, doze ou quinze. Primeira coisa. Em segundo lugar, eu não
sou contrário a dez, doze ou quinze anos. Eu sou contrário, isto sim, porque
jurei aqui no dia 1º de janeiro que eu cumpriria a lei... E tanto é verdade que
eu não sou contrário, acho que deve ser resolvido através do Conselho Nacional
de Trânsito, através da autoridade competente e não da Câmara Municipal - que
lhe falta autoridade -, que eu estou fazendo um telex, vou pedir ao Presidente
que me permita encaminhar o telex ao Departamento Estadual de Trânsito de São
Paulo, dizendo o seguinte: “Está sendo debatido neste momento na nossa Câmara
Municipal de Porto Alegre, Projeto de Lei que disciplina o transporte escolar.
E trago a V. Sª a possibilidade de fornecer e a seu Partido que me dê os
subsídios, fornecer de imediato o texto da recomendação inserta na Instrução
Normativa nº 1.280, citada no art. 4º da Portaria nº 1.436, de 26 de setembro
de 1984. Grato pela sua atenção”. É lá que deve ser resolvido e não nesta Casa.
A nós falta a competência. Apenas sou contra que esta Casa legisle.
O SR. GERT SCHINKE: Eu estou encerrando o meu tempo
regulamentar, mas peço que a Mesa consulte o próximo inscrito.
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Giovani
Gregol, que cede o seu tempo ao Ver. Gert Schinke. V. Exª dispõe de mais dez
minutos.
O SR. GERT SCHINKE: A questão da vida útil se coloca numa
outra ótica, ilustres Vereadores, quando aqui se alega que tem que existir uma
preocupação enorme sobre a segurança e a qualidade, as condições dos veículos
de transporte escolar. Eu concordo plenamente com isto, porque é exatamente
isto que os proprietários querem e 95% deles são os proprietários, são os
maiores interessados nessa segurança em servir, em bem servir a coletividade. Vem
exatamente contra a nossa preocupação.
Mas
o que se coloca? Se coloca que o veículo de transporte escolar é o que menos
trafega, é o veículo de transporte coletivo que menos trafega nesta Cidade. O
Ver. Dilamar Machado tem que concordar, mas qualquer pessoa de bom senso tem
que concordar, porque um táxi chega a circular de trezentos a quatrocentos
quilômetros por dia, uma Kombi escolar não circula cem sequer, muitas delas. Eu
até admito que algumas delas passem dessa quilometragem, no entanto o transporte
escolar se resume a poucas horas e determinadas horas durante o dia e nem todos
os dias da semana, quando é sabido que os táxis dessa Cidade circulam vinte e
quatro horas por dia, perfazendo centenas de quilômetros dessa Cidade e têm a
vida útil regulamentada que nem o transporte escolar. Então, é nesta ótica que
se coloca o aumento da vida útil do transporte escolar, das Kombis escolares em
particular e é impossível que alguém aqui venha argumentar em contrário a esta
situação. Era uma Kombi com doze anos de idade. Nós temos os exemplos das
Kombis que estavam estacionadas aqui em frente desta Casa, Kombis
inteiríssimas, verdadeiras relíquias que são mantidas por estes
transportadores.
Inclusive,
eu também quero adendar aí o argumento de que todos estes veículos, a partir do
aumento desta vida útil, passam a ter uma fiscalização mais intensa que a
própria Emenda contempla. A fiscalização passa a ser mais intensa, o período de
vistoria mecânica diminui. Então, nós temos que não jogar argumentos aqui,
argumentos simplórios e destruir com a realidade que é praticada pelos próprios
transportadores. E a questão eu quero deixar muito claro, quando alguns
Vereadores sobem à tribuna e colocam, como o Ver. Dilamar Machado, ao qual eu
já passarei o aparte - Ver. Dilamar Machado, pelo amor de Deus, faça justiça -,
a verdadeira coisa que aconteceu era a questão da tarifa. A última tarifa foi
definida em outubro do ano passado. O Senhor sabe o que o Plano Verão acarretou
neste País, o problema que nós enfrentamos com a tarifa do transporte coletivo.
Era imperioso que nós reavaliássemos a planilha de cálculo, a planilha do
cálculo escolar, sem o que era impraticável a Kombi sair da garagem. Então,
tivemos que reajustar a tarifa e ela está, Ver. Dilamar Machado, em pleno acordo
com a reivindicação dos transportadores. Ela é exatamente o pleito da UTEPA,
exatamente, na vírgula, no centavo. A SMT deu o parecer favorável ao pleito que
a UTEPA desejava porque entendeu os argumentos que estavam colocados ali, a
realidade da planilha de custos. Então, não podemos aqui chegar e dizer que o
problema do aumento da lotação se coloca em função do problema tarifário. Isto
é uma inverdade, é uma displicência política da sua parte. Colocar esta ligação
que teria o aumento da lotação com a tarifa. Mas é óbvio que se nós aumentarmos
a lotação é possível diminuir a tarifa. Como é que é possível negar isso? É
matemático! Agora, eu lhe pergunto, Ver. Dilamar Machado, o Senhor, como pai,
se ganhasse três ou quatro salários mínimos - o que não é verdade, nós ganhamos
muito bem, não é essa a nossa realidade, nós podemos pagar até cem cruzados
novos para um transportador -, a grande maioria dos assalariados pode pagar cem
cruzados novos para que a criança seja levada ao colégio?
O Sr. Dilamar Machado: Não.
O SR. GERT SCHINKE: Então, o Senhor mesmo há de confirmar que
a diminuição da tarifa atende também a uma reivindicação e a uma necessidade
dos próprios transportadores. Ainda há pouco, um deles veio a mim dizendo:
“Olha, tu imagina se a tarifa fosse 40 ou 50% maior do que essa, que já é um
problema para se ter clientes. Não se teria mais clientes, os transportadores
escolares não iriam mais circular, porque ninguém teria como pagar”. Então, eu
quero deixar claro que o problema tarifário não está vinculado a essa nossa
proposta na Emenda que estamos apresentando, de aumentar o número de
passageiros no transporte.
O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Concordo com V. Exª no que diz respeito ao tempo de vida útil dos
veículos e vou dizer a V. Exª que se o nobre Ver. Clóvis Brum, autor desse
Projeto de Lei, através de um mecanismo legal, retirar esse único aspecto que
me preocupa, e preocupa a maioria da Casa, que é o problema da superlotação da
Kombi, embora seja praxe, como V. Exª diz, eu voto a favor desse Projeto. Se o
Ver. Clóvis Brum usar dessa tática legislativa, terá o meu voto, ao lado do
voto de V. Exª, para os demais ditames dessa Lei. Agora, quero deixar uma
pergunta: durante esses sete anos de praxe em que V. Exª disse que foi
transportador, em que ao invés das oito eram transportadas doze crianças, como
era feito o cálculo tarifário? Em doze ou oito, como dizia a Lei?
O SR. GERT SCHINKE: Ilustre Ver. Dilamar Machado, até a época
em que transportei alunos, que foi até 1984, não havia planilha de custo para o
transporte escolar. Isso foi feito depois. E lhe digo mais, eu nunca fui
multado por excesso de lotação, embora por várias vezes os fiscais da SMT
estiveram dentro do meu veículo e na frente do meu colégio, vistoriando outros
veículos. Então, eu quero deixar claro que essa praxe eu, pobre, humilde
Vereador aqui, experimentei durante anos e que era aplicado pela própria SMT,
pois eu vivi, eu experimentei exatamente isso que se consagrou e o que agora a
Administração Popular quer regulamentar de uma vez por todas em lei.
Mas
quero levantar aqui o outro argumento que foi colocado aqui, que este acordo
aqui é fajuto. Ora, ilustres Vereadores, nós não podemos concordar com uma
barbaridade dessas, porque esse acordo, esse acordo que mostrei para a tribuna
quando o ilustre Ver. Zanella estava discursando, esse acordo é fruto de uma
discussão intensa, que inclusive se argumentou antes aqui no corredor. Me
perguntaram: mas os pais e mestres sabem disso aí? Mas é claro que sabem, pois
seria uma irresponsabilidade dos dirigentes dessas entidades assinar uma coisa
que não foi discutida dentro das suas entidades.
Aqui
está assinado para este acordo, para que o transporte escolar nessa Cidade
pudesse funcionar no dia 1º de março e uns poucos dias antes já havia aulas,
está assinado aqui. O Presidente da Federapars, o Presidente das ACPM do Rio
Grande do Sul. Isto não é uma coisa que se possa botar no lixo. Ora, Srs.
Vereadores, isso aqui não se pode rasgar e botar no lixo, dizer que isso aqui
não envolveu discussão nenhuma, isso aqui é um documento de uma enorme
responsabilidade que a Administração Popular assumiu perante a sociedade e a
comunidade porto-alegrense. Então isso aqui é leviano, dizer aqui que a Administração
Popular não cuidou em discutir aqui esta questão do transporte escolar.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, quero me congratular com V. Exª quando afirma da
discussão pública e reiterada em várias ocasiões, quero justificar a bem da
verdade ao Plenário que não participei de nenhuma reunião, convidado, lembrado
publicamente e noticiado das reuniões e quero dizer que esse acordo decorreu de
sucessivas reuniões e também justificar, ao Plenário da Casa que a atual Lei,
essa Lei que estamos tentando modificar, teve origem por um Projeto proposto
pelo Ver. Elói Guimarães, mas Projeto bastante tímido e que na oportunidade o
Ver. Isaac Ainhorn e este Vereador alteramos, melhoramos e transformamos na Lei
atual. Sou grato.
O SR. GERT SCHINKE: Vou concluir, Sr. Presidente, em uma
frase o meu pensamento. Tento concluir afirmando o seguinte: aqui foi alegado
pelo Ver. João Dib a constitucionalidade dessa lei. Afirmo que há uma lei
federal de outubro ou novembro de 1988, aprovada pelo Congresso Nacional, que
regulamenta o transporte escolar em nível nacional e é regulamentada pelo
Contran, que estabelece regulamentação para os Municípios. Quero dizer que não
é ilegal o Município legislar sobre a lotação do transporte escolar. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, solicito a V. Exª que
seja apregoada a Emenda que acabo de apresentar à Mesa.
O SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem):
Só para esclarecer. Foi
a pedido informal deste orador que solicitou à Mesa que aguardasse o próximo
orador, já que a Liderança do PDT também tem uma Emenda, e que as duas Emendas
pudessem ser apregoadas em conjunto. Para que os pareceres possam ser dados em
conjunto.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem):
Sabendo que existem
Emendas a serem apresentadas, gostaria primeiro que elas fossem apregoadas para
saber depois o comportamento da minha intervenção.
O SR. PRESIDENTE: Tendo em vista a solicitação do Ver.
Adroaldo Corrêa, que coloca questão procedente, a Mesa, sem prejudicar o
parecer conjunto, já que aguarda Emenda do Ver. Vieira da Cunha, passa a
apregoar Emenda do Ver. Clóvis Brum, Líder do PMDB.
A Emenda nº 002 diz o seguinte: “suprima-se do Projeto de Lei do Legislativo nº 019/89 deste Vereador o art. 2º, renumerando-se os demais”. Feita a apregoação desta Emenda, passamos ao próximo Vereador inscrito, Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
objeto da Emenda proposta é exatamente o objeto da discussão durante a tarde
inteira e não fere a linha do que iria desenvolver aqui, no principal. Nós
temos a opinião de que, conforme foi lido aqui, uma Resolução do Contran,
normativa, utilizada, de 1980...
O SR. PRESIDENTE: A Mesa apela aos nobres Vereadores para
que se mantenham em suas tribunas em silêncio, eis que há um orador na tribuna
se manifestando e, sobretudo, considerando que as taquígrafas não conseguem fazer
os apanhados taquigráficos.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Obrigado, Sr. Presidente, gostaria de
repetir a frase para não ficar meio inconclusa. Existe uma Resolução nacional
de 1980, do Contran, normativa, citada pelo Departamento de Trânsito Estadual
de São Paulo, de 1984, que faz a normatização e regulamenta o serviço de
transporte escolar em São Paulo e faz o limite de até quinze crianças até doze
anos de idade e estabelece outras normas. O que se tem a respeito é que esta
Casa não poderia legislar em função de que é um regulamento nacional, uma
legislação de trânsito de órgão normativo e que ela não poderia entrar no
aspecto e no detalhe.
Nossa
posição seria a seguinte: na medida em que esta Cidade poderia ter o transporte
escolar até quinze e que, por negociação, conseguiu chegar a uma proposta de
tarifa e lotação até doze, caberia, sim, e poderia, sim, fixar um limite, esta
Casa, e não é superior, é inferior ao que prevê a legislação nacional. Não é
superior, não fere a legislação nacional. E convocaria a consciência do Ver.
Wilson Santos a refletir sobre isso, porque disse aqui que se houvesse
impedimento legal sua posição seria contra, apenas por isso e apenas pelo
entendimento legal. No meu entender, se a norma vige - e vige, porque está
vigorando hoje em São Paulo, conforme informações obtidas aqui dentro desta
Casa, não só por nós, mas por Vereadores de outras Bancadas -, então, é
importante ter presente que a norma vige e não contraria a lei, e o voto do
Ver. Wilson Santos seria na aprovação do Projeto se o Vereador, autor do
Projeto, não suprimisse o que diz respeito à discussão até o momento e se
passará a discutir, creio, se a Emenda entrar em tela, se for mantida, a Emenda
supressiva, será discutida a vida útil do veículo.
O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, é evidente que eu me preocupo com o aspecto legal, porque
há uma hierarquia de leis e nós estaríamos ferindo a lei federal e seríamos
responsabilizados. Até se viesse a acontecer um desastre com uma perda de uma
vida, esta Casa seria responsabilizada por ter atropelado uma lei federal. É
evidente que, a nível municipal, nós estaríamos com uma lei vigendo, mas nós
estaríamos colidindo com a lei federal. Eu tinha a intenção de me resguardar
fazendo com que esta Lei ficasse sub
judice, entrando com argüição de inconstitucionalidade, e o Ver. Artur
Zanella faz sinal que tomaria esta atitude junto, é justamente pelo aspecto
legal.
O
Ver. Clóvis Brum está entrando com uma Emenda que extingue este limite de
lotação até doze. Eu mencionava que a Lei Orgânica, que é a Lei Maior desta
Cidade, no art. 32, inciso V, diz que qualquer acordo, convênio, contrato de
interesse municipal tem que ter aprovação desta Casa. E aquele acordo que foi
mostrado pelo Gert, até o acordo é ilegal. Então, eu me preocupo, não vou dizer
que eu sou o supra-sumo daquele que vive à procura de observação da lei, mas
essas coisas são gritantes. Outro detalhe: avocaram aquela decisão do
Departamento de Trânsito de São Paulo, que decidiu colocar quinze crianças, fez
uma consulta ao Conselho Nacional de Trânsito, e a resposta não foi mostrada
aí. Se fôssemos debater, eu faria um desafio para, em quarenta e oito horas,
trazer a resposta que o Dib está pedindo, a reposta do Conselho Nacional foi de
que vale o Certificado de Licenciamento. Conseqüentemente, voltou tudo à estaca
zero.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Veja como era prudente aquele pedido de adiamento de duas Sessões,
que não ocorreu devido ao pedido do seu Líder, e eu concordo com essa Emenda,
porque aí poderemos, quem sabe, alterar essa situação de lotação, dentro da
legalidade. Eu ouvi falar que V. Exª iria falar sobre a legalidade, o acordo ou
algo assim, eu gostaria que V. Exª, até para não desmoralizar os advogados da
Prefeitura, que não tratasse daquele termo de acordo que fala numa lei futura
que seria apresentada. Isto é absolutamente sem pé nem cabeça!
O SR. ADROALDO CORRÊA: Eu continuo, ainda, mantendo a visão,
pela consciência do Ver. Wilson Santos, porque na medida em que a norma vige em
São Paulo, e é citado o Conselho Nacional de Trânsito como aquele que
normatizou o serviço naquele setor, esta norma orienta não para oito, porque a
legislação em São Paulo é para quinze. E lá - só para registro - antes dessa
normatização, que é de 1984, e eu acho que ainda sem a fiscalização atuante,
talvez, em algum momento, até num determinado período depois de 1984, era
costume usual utilizar a incrível quantia de vinte pessoas dentro de uma Kombi.
Isto é impossível, mas era feito. Tanto que o impossível às vezes acaba se
realizando. Então, em resposta ao aparte do Ver. Artur Zanella, eu não vim à
tribuna discutir uma coisa que não está em debate. O acordo não está sendo
votado aqui, o que está sendo votado aqui é um Projeto de Lei que tinha uma
Emenda, que tinha um artigo, que foi retirada, ou é proposta retirada pelo seu
autor, momentos antes de eu assumir esta tribuna.
Então,
gostaria de dizer que, não havendo, no aspecto, o que debater, ficaria então a
seguinte interpretação: há norma do Contran, há a realidade do Estado de São
Paulo. O serviço em Porto Alegre pode ser normatizado em consulta direta, sem
audiência desta Casa, entre a SMT e o Detran do Estado do Rio Grande do Sul e
esta Casa não tem tarefa neste aspecto da lotação. A questão do certificado
encaminhar oito e o contrato, a forma de acordo - porque a resolução também é
uma forma de acordo, um contrato - especificar algo superior, pode ser que faça
relação à capacidade de carga e tonelagem. Pode ser, porque exatamente isto é
que trata também a perspectiva de passageiros dentro de veículos, é a
capacidade de carga e tonelagem.
Claro
que se fossem adultos a tonelagem estaria superada se o número de passageiros
fosse ampliado. Visto que não há, a não ser o tempo de vida útil, tema para
debate, não vou entrar na questão do tempo de vida útil dos veículos, porque me
parece que, numa rápida frase, isto se solucionaria: no máximo quatro viagens
diárias faz uma Kombi, ônibus faz muito mais e táxi faz “n” vezes mais. Então,
nós temos que ter esta relação com os veículos. Muito obrigado pela atenção.
Era este o nosso empenho.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu me
fico a indagar se o Prefeito Collares, à época da sua profícua gestão na
administração de Porto Alegre, tivesse feito um acordo com os permissionários
do transporte escolar, no sentido de alterar uma determinação legal, imaginem o
que aconteceria no dia seguinte na voz do PT, nesta Casa. Eu apenas trago o
fato para mostrar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e aqui reiterar aquele
nada melhor que um dia depois do outro. Porque o PT, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, está levando o transporte ao absoluto colapso nesta Cidade,
absoluto colapso - não sou eu quem diz, é a população, é o usuário do
transporte coletivo -, praticando a maior tarifa, vejam bem, praticando a maior
tarifa que já se teve notícia na história do transporte coletivo em Porto
Alegre. Por quê? Pelo nível do serviço. Porque o transporte, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, ele pressupõe, o transporte, um nível de serviço, uma oferta
de serviço; na medida em que não se dá essa oferta, automaticamente por dentro
está se alterando a tarifa. Então, a tarifa hoje, em Porto Alegre, está
superdimensionada, sim, porque a oferta, o serviço está numa proporção
absolutamente irreconhecível se formos examinar a planilha de custos.
Mas
eu apenas cito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse dado para que as coisas
venham, eu até não poderia, vamos dizer assim, ajuizar esse entendimento de que
a Bancada do PT teria o procedimento que tiveram. Isto aí é uma presunção, mas
apenas para deixar bem consignado isso. Vejam, se o Prefeito Collares tivesse
feito acordo? “Aliado com os transportadores”, não sei mais o quê, não sei mais
o quê. Aquela velha técnica, isso sim, demagógica e populista que muitas vezes
engana, mas engana uma vez só. Só se engana o povo uma vez, duas não. Mas, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, apenas eu destaco o fato apenas para deixar claro
isso, se o Dr. Collares, Prefeito dessa Cidade, tivesse feito o acordo, a Casa
cairia. Estão arranjados, estão mancomunados com os transportadores, etc. etc.
Mas e daí? Apenas esse destaque.
Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós entendemos que nós temos que preservar o
transporte escolar. Nós travamos no ano passado e no ano retrasado uma longa
discussão, uma fecunda discussão em torno do transporte escolar e tivemos a
oportunidade de legislar a respeito, porque a Lei que cria o transporte
escolar, da autoria do Ver. Clóvis Brum, ela entregava à UTEPA quase que um
absoluto poder no sentido de estabelecer a tarifa e fazia do órgão
permissionário, no caso o Poder Público, algo que sequer precariamente poderia
fiscalizar o serviço. Então, nós pegamos a Lei existente e propomos que a
partir da sua aprovação a Secretaria Municipal dos Transportes do Município
passasse, com base numa planilha, de custo a estabelecer a tarifa do transporte
escolar e assim foi feito. Houve Emendas do Substitutivo dos Vereadores Clóvis
Brum e Isaac Ainhorn. Mas, então, entregamos à Secretaria, ao Poder Público, a
gerência na questão da tarifa.
Nós
tivemos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a oportunidade de vivenciar a questão
do transporte escolar. Nós queremos dizer que efetivamente se executa com muito
zelo, com muito carinho, com muita afeição o transporte escolar em nossa
Cidade. Seria desnecessário dizer que o transporte escolar em Porto Alegre é
considerado, apesar da precariedade, com dados, um dos melhores transportes do
Brasil. Tem as suas lacunas, é verdade, mas para o caso de crise, de
precariedade como vivemos, nos mais diferentes setores, o transporte tem um
nível relativo. Prova disso foram as permanentes pesquisas que se fez em Porto
Alegre e este ano se haverá de fazer uma pesquisa sobre o desempenho das
diferentes áreas da Administração, e o transporte, apesar de ter as suas
precariedades, ele tinha um desempenho razoável e cotejado com o Brasil era
colocado como um transporte que atendia razoavelmente as necessidades. O
transporte escolar é um transporte feito com muito empenho pelos
permissionários. E felizmente não é direito e sim obrigação e não registra
nenhum incidente que possa justificar qualquer atitude em alterar-se as normas
que regulam este tipo de transporte, é feito com extremo carinho, e é uma
homenagem que se presta aos permissionários do transporte escolar. É comum
ver-se transportadores escolares com crianças no colo levando, inclusive,
entregando-as na mão da mãe ou do pai. É um transporte que se faz com muita
dedicação pelos transportadores.
Mas,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós entendemos que o dispositivo que dilata o
tempo de vida dos veículos é perfeitamente razoável na medida em que o lotação,
não só a Kombi como o microônibus, não desenvolvem, não apresentam a rodagem
que apresenta, como regra, o transporte coletivo em nossa Cidade. É controlado
quase que de forma personalizada pelo proprietário, é quando muito uma empresa
de família onde há todo um cuidado e um zelo. Então se nos afigura bastante
razoável que se estenda o tempo, porque no fundo, na base está aí uma crise
muito forte onde o permissionário, o operador tem que buscar meios no sentido
de sobreviver e é na Casa, evidentemente, através da alteração da legislação
que é permitido fazer, mesmo que se possam ter algumas dificuldades no que
respeita ao conflito da lei federal com a possibilidade de alteração municipal.
Então, se nos afigura bastante razoável a dilatação do prazo.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo discordância de parte dos
demais Vereadores inscritos, a Mesa comunica a V. Exª, Ver. Elói Guimarães, que
dispõe de mais dez minutos, por cessão do tempo do Ver. Vieira da Cunha.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Então, se examinarmos a especificidade do
transporte escolar, nós vamos ver que essa questão do tempo, se relacionarmos
com a vida útil das demais...
O SR. PRESIDENTE: Nobre Vereador, apenas uma interrupção,
tendo em vista os princípios da economia processual necessários para a
tramitação dos procedimentos aqui nesta Casa. A Mesa apregoa a Emenda de Líder
subscrita pelo Ver. Vieira da Cunha. (Lê a Emenda.)
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
Emenda do nobre Ver. Vieira da Cunha coloca toda preocupação da Casa com essa
questão fundamental que diz com a segurança, segurança, frise-se, que se faz
muito bem pelos permissionários do transporte escolar em nossa Cidade. Mas, de
qualquer forma, é um mecanismo colocado à disposição da Administração para que
ela tenha os necessários recursos capazes de manter o nível e a boa prestação
dos serviços do transporte escolar em nossa Cidade.
Então,
se analisarmos a questão da vida útil, do tempo útil do veículo de transporte
escolar no contexto das demais espécies de transportes, transporte coletivo,
transporte de táxi, transporte por lotações, vamos chegar à conclusão, com base
num conjunto de informações, de que o tempo de dilatação, ele se ajusta às
necessidades e encontra aquele ponto capaz de estabelecer um equilíbrio e uma
segurança razoável.
Sobre
a questão do número de crianças a serem transportadas, a discussão perdeu o
interesse na medida em que a Emenda do Ver. Clóvis Brum retira a disposição, a
Emenda supressiva do Ver. Clóvis Brum, retirando a disposição do art. 2º. Mas
quero deixar claro para que não fique nenhuma dúvida, eu, com algumas
dificuldades, votaria favoravelmente ao presente Projeto, porque entendemos,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a questão do número de crianças
transportadas, considerando a idade, elas se ajustariam, eu diria até
comodamente, nas Kombis e nos microônibus. Nós tivemos oportunidade, não está
aqui o Presidente da UTEPA, lá na Secretaria, em diversas oportunidades, de nós
examinarmos ao vivo essa série de alterações e chegamos à conclusão, à análise
de que é razoável o aumento do número de crianças, o que também, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, atende uma questão fundamental. Nós achamos que a
segurança é fundamental, mas nós não podemos perder de vista um fato que é a
crise por que passa a sociedade brasileira, a falta de recursos das pessoas
para mandar os filhos à escola. Em aumentando o número de crianças, nós
teríamos, sim, reduzida a tarifa. Porque a questão toda é uma questão de
cálculo. Porque hoje nós temos para o transporte coletivo, para o táxi e para a
lotação e para o transporte escolar uma metodologia de cálculo, uma planilha de
custo. É discutida, mas é uma planilha de custos, porque tira do administrador
qualquer margem personalista para estabelecer a tarifa. Não há mais margem para
o administrador colocar “x”, “y” na tarifa, ele tem que fazer os cálculos na
forma da planilha, na forma do cálculo de custo.
Então,
este dispositivo, aumentando o número de crianças, viria a tocar nesta questão
que é uma questão presente, fundamental, que é a falta de recursos que têm as
pessoas para sobreviver, numa hora extremamente difícil, de enormes
dificuldades para a população. É bom que se diga que os pais, via de regra,
destas crianças, são pessoas assalariadas, de classe média que hoje vivem uma
situação muito difícil.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, duas questões, dois reparos que quero fazer. O primeiro é
que V. Exª chama o acordo de demagógico. Quero lembrar que este acordo é apenas
uma colocação transparente e pública de uma praxe que já vinha sendo adotada
nas Administrações anteriores, inclusive na sua, entre os transportadores e a
SMT, como já foi amplamente divulgado em Plenário.
Em
segundo lugar, com relação ao PT ter causado o colapso no transporte, quero
lembrar a V. Exª que na época em que era Secretário dos Transportes foi à
Associação de Moradores discutir o colapso em que se encontravam os
transportes, inclusive não foi mais porque desistimos, pois nenhuma medida
havia sido tomada.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Veja V. Exª, tive a oportunidade de estar
diversas vezes na comunidade discutindo. Não é o que diz a liderança do
Virgílio. A liderança do Virgílio, depois de uma série de discussões lá na
comunidade, ele, um líder comunitário e do PT, depois de diversas discussões lá
nos bairros, na Santa Rosa, em diversos bairros, tivemos o depoimento dele
dizendo: “Olha, Secretário, queremos trazer aqui que melhorou”. Até por que,
Ver. Valdir, e V. Exª era atuante, nós em diversas oportunidades atendemos as
solicitações que fazia V. Exª, não só no tocante ao horário, mas colocação de
abrigos. Então, veja V. Exª que eu não disse que o acordo é demagogo, mas que a
crítica que o PT fazia era demagógica, porque o administrador, nós entendemos,
tem que ter uma faixa para se locomover. Se ao administrador for negada uma
faixa para administrar e tudo que ele faz for colocado sob suspeição, é esta a
questão que nos diferencia. E nós reiteramos, em várias oportunidades, que não
faríamos nesta Casa a oposição predatória que fez o PT ao longo deste tempo.
Tudo é suspeito. Então, este ranço de ser o dono da verdade, é isto que vamos
quebrar. Aliás, a opinião pública já está esclarecida, quando se tem o pior transporte
coletivo que já se teve na Cidade, com a Prefeitura operando 70% dele.
Encerro,
Sr. Presidente, mas vamos voltar a discutir o assunto transporte, porque a Casa
vai ter que tomar uma posição. Vamos ter que tirar a situação do impasse. Há um
impasse que não é bom para a Administração. O carro caiu num atoleiro. Esta é a
verdade. A questão do transporte está num atoleiro e precisamos tirar. Como
vamos tirar, Sr. Presidente? Isto terá que ser objeto de uma grande reflexão e
profundo debate nesta Casa, porque como está, de repente a população pode estar
começando a queimar ônibus. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn, pelo
tempo que lhe cede o Ver. Cyro Martini.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tive
a oportunidade, no período em que aqui estive, sobretudo quando à testa da
Comissão de Transportes desta Casa, de me dedicar e aprofundar um pouco o
conhecimento sobre transporte escolar. E esta é uma questão que, aqui nesta
Casa, anualmente, vem à discussão. E, nesse sentido, o Ver. Clóvis Brum é muito
vigilante.
Nós
sabemos que o Ver. Clóvis Brum é um legislador atento, um Vereador que sempre
participa, não só na condição de Líder do seu Partido, mas é um legislador que participa
de todas as Comissões, praticamente, porque trabalha. Realmente, eu devo fazer
esta homenagem. Agora, em matéria de transporte escolar, realmente esta Casa se
enriqueceu com alguns novos legisladores e lamento que, eu que ouvi com tanta
atenção o Ver. Gert Schinke, por dois tempos, ele falou, os Srs. Vereadores o
ouviram e, depois, ele se retirou, não continuou presente no debate, não o vejo
aqui no momento. É fundamental a presença dos Vereadores especialistas da
matéria. Vejam, lá está quieto o Ver. Castan, Presidente da Comissão de
Transportes desta Casa, está lá, atento; Ver. Elói Guimarães, expert do tema; o Ver. Zanella, o Ver.
João Dib, não se afastaram deste Plenário. É obrigação de todos, mas há alguns
que, sobre determinados assuntos, se aprofundam, se interessam e, realmente,
algumas coisas devem ser ditas. Esta Casa, no curso do debate, encontra o
caminho do bem comum. Vejam V. Exas que o Ver. Clóvis Brum é um
hábil negociador. Não é só o legislador que trabalha diariamente, não de sol a
sol, mas muito além do sol se pôr, ele permanece aqui, nesta Casa. Além disso,
é um hábil negociador: quando pressentiu que o seu Projeto corria risco, ele
tratou rápido de conversar com a Bancada majoritária desta Casa para discutir
uma Emenda supressiva.
Eu
queria trazer ao conhecimento desta Casa, através dos arquivos - eu acho que o
trabalho de coligir documentos e materiais dos temas sobre os quais o Vereador
trabalha é fundamental -, que, há pouco, eu deferi, na condição de Presidente
desta Mesa, uma solicitação de telex do Ver. João Dib, pedindo ao Detran de São
Paulo que informasse sobre o teor da Instrução Normativa nº 012/80, do
Departamento Estadual de Trânsito. Conversando após com o Ver. João Dib,
localizamos aqui, nos meus próprios documentos, a tão falada Instrução
Normativa nº 012/80. E o que diz essa instrução? “Considerando que o colegiado
do Contran, em reunião realizada em 04 de março de 1980, recomendou que os
transportes escolares em veículos Volkswagem-Kombi devem obedecer à lotação estabelecida
pelo fabricante, até que seja baixada norma disciplinadora em desenvolvimento
na área do Denatran - Departamento Nacional de Trânsito”. Ou o Denatran está
sendo omisso e até hoje não definiu esta questão, porque, caso contrário, seria
do conhecimento desta Casa, pela ampla publicidade que teria esta norma do
Denatran. Até hoje, pelo que se tem notícia, não disciplinou a matéria. E vejam
V. Exas que a questão é difícil. Aqui, não há definição. Encontramos
até o que diz o teor da Resolução nº 012/80, do Departamento Estadual de
Trânsito do Estado de São Paulo.
Quero
dizer mais: há pouco, no meu diálogo com o Ver. João Dib, ele me explicava por
que, em Porto Alegre, adotou a questão da vida útil do transporte coletivo. E,
aí, eu me lembrei daquele velho ditado: “O diabo é velho não por ser diabo, mas
por ser velho”. Não é o caso do Ver. João Dib, pelo contrário. Aí eu fui
observar. Ele disse que tinha introduzido esse método, porque estes ônibus não
tinham a substituição de peças, então, tinha que se estabelecer a vida útil dos
ônibus. Hoje, não precisaria mais, porque toda a parafernália de peças pode ser
reformulada e deixar um carro 1979/1980 novo, inteiro. O problema é a vistoria.
(Pausa.) Saúdo a presença do Ver. Gert Schinke, em Plenário, para participar do
nosso debate. O problema é a correta fiscalização.
Eu
não sei se, no ano passado, o Ver. Gert Schinke era transportador escolar,
porque, no ano passado, aqui, travamos um longo debate sobre transporte
escolar. Este Legislativo tem uma experiência nesta área e uma das questões,
dentre as inúmeras que envolvem o transporte escolar, é que, inegavelmente, o
transporte escolar é um transporte de qualidade, um transporte de bom padrão.
Nós reconhecemos, não vou dizer nem em causa própria, porque meus filhos todos
desde que entraram nos bancos escolares sempre fizeram uso do transporte
escolar, é um transporte que é de qualidade, inegavelmente, nós reconhecemos. E
vejam V. Exas, mas nós exigimos que o transporte escolar use o
tacógrafo. Nós sabemos que o transporte escolar tem um índice baixíssimo de
acidentes, mas também não se pode revogar lei federal, nem o que fez o então
Prefeito Villela, que simplesmente suspendeu o uso do tacógrafo aqui na Cidade
de Porto Alegre, pretendendo através de lei municipal revogar lei federal. Mas
como isto pode acontecer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores? Realmente, nós não
podemos revogar lei federal, e sobre a questão exatamente do número de
passageiros, até hoje o Denatran, Departamento Nacional de Trânsito, não se
manifestou a respeito, pelo menos não tenho conhecimento. Concedo o aparte pela
ordem de inscrição ao nobre Ver. Clóvis Brum, depois Wilson Santos, depois
Adroaldo Corrêa e, por último, Ver. Gert Schinke, se assim me conceder a Mesa.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, é obrigação do autor de uma proposição viabilizar
todos os meios legais e democráticos para a sua aprovação. Ora, se não vê esta
possibilidade, é necessário que o legislador então crie situações outras
capazes de viabilizar parte da sua proposição. A partir do discurso do Ver.
Dilamar Machado de que votaria o Projeto, contatei com o primeiro Vereador
desta Casa, a bem da verdade, o Sr. Vice-Líder do PT, Ver. João Motta, a quem
levei a minha preocupação, e ele entendeu incontinente e opinou também
favorável à apresentação. Eu quero lembrar então a V. Exª que eu não contatei
na verdade com o PDT, a minha primeira preocupação foi contatar com a Bancada
que dava sustentação pública naquele momento ao Projeto. Depois então,
recebendo a adesão das demais Bancadas é que se viabilizou essa situação
benéfica ao Projeto e que V. Exª com competência discorre tão bem, já
discordando deste Vereador e da decisão do Departamento Estadual de Trânsito de
São Paulo, que mantém a Portaria nº 1.436, de 26 de setembro de 1984, e contra
esta Portaria, em pleno vigor, que estabelece uma lotação de até quinze
crianças, nada foi dito por órgão público nenhum.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa interrompe V. Exª para alertá-lo
que o seu tempo já encerrou, mas V. Exª está inscrito aqui, podendo dispor de
mais dez minutos.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu não vou usar este tempo, posto que
este tempo pertence, por acordo que eu fiz, ao Ver. Cyro Martini. Eu quero
encerrar dizendo o seguinte: acho que felizmente a Bancada do PDT, através do
seu Colégio de Líderes, na manifestação do nobre Ver. Dilamar Machado,
encontrou o caminho da solução do impasse, e o Ver. Clóvis Brum, muito atento
ao comportamento da Bancada majoritária, imediatamente tratou de compor e
chegar a sua Emenda que tem, também, o meu apoio, porque o Ver. Dilamar Machado
falou em meu nome, e tenho certeza que expressava o sentimento da nossa
Bancada.
Eu
só lembro, aqui, acerca deste trabalho que foi longamente debatido, Ver. Gert
Schinke, o parecer final da Bacharel, então Assessora Técnica Legislativa deste
Parlamento Municipal, a Drª Felisberta Soares de Castro, hoje operando lá na
Secretaria Municipal dos Transportes: “O serviço de transporte de passageiros
de qualquer modalidade que seja desenvolvido na área do Município está
subordinado ao Governo local, que é competente para legislar sobre a matéria,
em caráter supletivo às leis nacionais a cujos princípios e normas a legislação
municipal está submetida”. Este foi o Parecer da Drª Felisberta: as normas
federais estão acima e as municipais devem se submeter em razão da hierarquia
das normas jurídicas existentes no conjunto do ordenamento jurídico nacional.
Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): O próximo orador inscrito para a
discussão do Projeto é o Ver. João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, gostaria
apenas de inicialmente registrar que acabei de me pronunciar, na condição de
Relator-Geral deste Projeto, com relação às Emendas dos Vereadores Vieira da
Cunha e Clóvis Brum, uma Emenda aditiva e outra Emenda supressiva, também de
forma favorável, na medida em que continuo tendo entendimento, não obstante a
localização deste conflito de jurisdição aqui pelos ilustres Vereadores que me
antecederam, que de fato me parece que já está aqui devidamente constatado que
as Emendas se fundamentam por duas razões. A primeira delas, a Emenda do Ver.
Vieira da Cunha, quando procura aperfeiçoar o Projeto no que diz respeito à sua
preocupação com a segurança e a fiscalização através das vistorias a este
serviço. Em segundo lugar, a Emenda supressiva do Ver. Clóvis Brum, quando
retira do Projeto exatamente a redação sugerida inicialmente ao art. 10, onde
ele propõe que se utilize também de todas as demais fontes, inclusive legais,
para que então a partir destas novas referências se defina ou não, finalmente,
uma posição a respeito desta polêmica questão que fixa lotação do transporte
escolar.
Gostaria
de, em um segundo momento e concluindo já o meu pronunciamento rápido, levantar
que a partir deste debate me parece que os ilustres Vereadores que levantaram e
que localizaram este conflito de leis, inclusive se fundamentando nesse Parecer
lido na última intervenção pelo Ver. Isaac Ainhorn, terão, a partir de agora,
para serem coerentes com a posição defendida durante estes debates, de
assumirem também o desafio de entrarem na Justiça contra a Portaria nº 1.436,
do Departamento Estadual de Trânsito do Estado de São Paulo, na medida em que
se há de fato aqui localizado um conflito de jurisdição, este Projeto de Lei
com a legislação nacional, do Contran, me parece também por demais evidente que
há um conflito de jurisdição entre a Portaria nº 1.436/84, produzida pelo
Departamento Estadual de Trânsito do Estado de São Paulo, com a legislação
federal. Portanto, aconselho ao ilustre Ver. João Dib, que levantou a questão,
e ao Ver. Isaac Ainhorn, que, a partir de agora, assumam também a demanda
jurídica contra essa Portaria produzida pelo Departamento Estadual de Trânsito
do Estado de São Paulo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador é o Ver. Isaac
Ainhorn, que cede seu tempo ao Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
qualidade de ex-diretor do Departamento de Trânsito e tendo exercido naquela
casa outras funções, assim como também no Conselho Estadual de Trânsito e na
Junta Administrativa de Recursos e Infrações, e por outras razões estritamente
relacionadas com o trânsito, obviamente eu teria que tecer os meus modestos
comentários. A matéria, no seu texto original, é, indubitavelmente, quando
trata do número de passageiros, de pessoas, com relação à tripulação de um
carro, inconstitucional. Tráfego e trânsito eram da competência exclusiva da
União no texto da Constituição Nacional anterior. Na atual Constituição, para
surpresa dos Estados e dos Municípios, a abrangência que se pensava ficar
reduzida, repassando atribuições para o Município e para o Estado, pelo contrário,
ficou mais abrangente ainda e hoje é da competência exclusiva da União legislar
sobre trânsito e transportes.
Então,
lamentavelmente, a inconstitucionalidade é flagrante no texto original, eu digo
lastimável, porque tenho um relacionamento estreito com muitos daqueles
empresários que militam dentro da área do transporte escolar e também sou
cliente do transporte escolar há muito tempo. E, por outro lado, a matéria é
ilegal porque contraria a lei. Aquela norma citada aqui e observada em São
Paulo é inconstitucional e é ilegal. Por outro lado, nós teríamos, eu
precisaria de muito mais tempo para comentar sobre a matéria, também não estou
aqui para dar lições, mas queria, quando nós falamos em lotação, nós falamos do
número de pessoas habilitadas a ficarem sentadas no veículo em tela,
registrado, consignado no registro do veículo automotor, e o Detran ou o
Ciretram coloca o número de passageiros a partir da nota fiscal, nota fiscal
que é habilitada pela fábrica. Então, para alterar a capacidade de lotação ou
de carga de um determinado veículo, isso só se poderá fazer requerendo a
autoridade competente para aumentar a capacidade de carga ou lotação e isso aí
terá que ser submetido, o requerimento, à apreciação da autoridade e se ela
entender válido encaminhar o veículo à perícia técnica para ver se o carro terá
ou não condições de suportar aquele aumento. Então, por aí iríamos.
Com
relação ao cinto de segurança, há certas recomendações. Em relação ao seguro
obrigatório, nós teríamos algumas observações. O tacógrafo é exigido desde o
Código Nacional de Trânsito de 1966. A lotação excessiva, o CNT prescreve uma
punição específica para o excesso de lotação no art. 183, item II, que dá uma
multa na ordem de 120% do salário mínimo de referência, que é igual a NCz$
44,00. A Volkswagen não pode dar um parecer assim. De outra parte, quem trata
da matéria é o Contran e não o Denatran que normatiza a respeito da matéria.
Acho,
no meu entendimento, que a matéria, sob o ponto de vista político, deveria ter
recebido outro tipo de tratamento. Fico muito apreensivo, muito preocupado,
porque sei que o transporte escolar não é utilizado hoje pelas pessoas ricas,
abastadas, são justamente pessoas como nós, da classe média, que usamos o
transporte escolar.
Mas,
infelizmente, não poderia deixar de registrar a minha palavra, porque fui
mencionado diversas vezes em razão do meu currículo funcional. Lastimo
profundamente com relação à matéria, tendo em vista que a intenção, o objetivo
fundamental dos transportadores está eivado, está pleno, em princípio, de
inconstitucionalidade e, logo em seguida, de ilegalidade. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero
inicialmente dizer que não sou entendido, como o Gert, do assunto e também não
sou advogado, mas quero colocar que tem algumas coisas aqui que entendo.
Entendo que está se querendo se apegar a questões de ordem jurídica, mas mesmo
aí tem uma questão que até agora não foi respondida: a Secretaria de Segurança
de São Paulo permite São Paulo andar nessas Kombis com quinze crianças. Então,
se aqui isto é inconstitucional, lá também o é. Mas eu coloco a questão por
outro lado. Em primeiro lugar, o transporte escolar, como já foi salientado
aqui, já transportava de doze a quinze crianças num acordo de cavaleiros entre
a UTEPA e SMT. E esse acordo vigeria por aí e as coisas se resolviam desta
forma. E isso tinha inclusive o apoio da comunidade usuária desse transporte.
Agora, foi acusado aqui desse acordo formalizado que a Prefeitura faz ser
demagógico, quando na verdade isto significa reconhecer e colocar de público,
de forma transparente um acordo que já existia na prática e com a discussão
bastante ampliada que envolveu a UTEPA, as associações de pais e mestres e
assim por diante. Então, na verdade, o que se está colocando quando se quer
transformar isso numa lei, é regulamentar as coisas de forma que não se precise
mais apelar para estes expedientes. E a primeira questão que se tem que
perguntar é que parte não só de um acordo, mas de uma prática que já vinha
sendo adotada nas Administrações anteriores, inclusive na Administração do PDT,
é uma prática altamente legítima.
Eu
entendo que o PDT, de fato, se preocupa muito quando a Administração Popular,
diante destes problemas, consegue reunir os trabalhadores, discutir e fazer um
acordo com os trabalhadores. Eu, hoje, por exemplo, não vi o PDT vir aqui fazer
aquela verdadeira catilinária contra nós em relação ao funcionalismo. Por que
será? Vieram aqui, hoje, acusar e dizer que o PT está levando o transporte
coletivo ao caos nesta Cidade. Eu aproveito este tempo para responder, porque
não podemos ficar só levando paulada. Vou começar respondendo com a frase do
nobre Ver. Omar Ferri: para a gente criticar alguma coisa, ou para tomar uma
posição, ou para defender alguém, há que se ter legitimidade. Eu pergunto: que
legitimidade tem o PDT que, na sua Administração, aumentou as tarifas do
transporte coletivo de Porto Alegre muito acima da inflação que permitiu que o
transporte coletivo nesta Cidade se deteriorasse e negociou sempre com os
empresários?
O SR. DILAMAR MACHADO (Questão de Ordem):
Há um Projeto em
discussão, em Pauta, a matéria é importante, inclusive para as pessoas interessadas
presentes, e galvanizou as atenções da Casa nesta tarde. Perguntaria a V. Exª a
que título o Ver. José Valdir está na tribuna, para discutir este Projeto ou
discutir a problemática do transporte coletivo em Porto Alegre, que é matéria
para outra ocasião?
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A Mesa acolhe a Questão de Ordem do Ver.
Dilamar Machado e pede, na forma regimental, ao Ver. José Valdir, que se atenha
ao Projeto em Pauta.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu só poderia colocar que quem
estabeleceu esta ilação entre o assunto em Pauta e a questão do transporte
coletivo não foi este Vereador. E este Vereador tem todo o direito de
responder. Mas, evidentemente que a Bancada do PDT gosta muito de dizer o que
quer, mas não gosta de ouvir o que não quer. Mas vai ter que ouvir o que não
quer. Só para concluir, eu voltarei a esta tribuna para discutir a questão do
transporte coletivo, principalmente com a denominada Bancada do PDT, que,
exatamente por ser socialista, deveria não ficar massacrando os pequenos proprietários,
como aquela faixa lá: “Firma individual”, e defendendo os interesse dos grandes
transportadores do transporte coletivo desta Cidade, porque os grandes
transportadores desta Cidade furam tanque de ônibus, retiram os ônibus para
boicotar a população, não dão segurança, boicotam a intervenção, e nunca vi o
PDT vir aqui criticá-los. Criticam a intervenção! É claro que a intervenção tem
problemas, porque nós estamos num enfrentamento com os empresários. Mas, no
tempo do PDT, eles largavam sorrisos para os empresários. Tinham problemas! Por
isso eu acho que numa situação de enfrentamento e não numa situação de
confraternização com os empresários, como vivia o PDT, o transporte coletivo em
Porto Alegre está muito bom, diante do boicote não denunciado pela Bancada
socialista do PDT.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Para não passar em julgado o que repetidamente se diz ali daquela
tribuna, eu queria dizer que, no que me concerne, no período de 1983-1984,
nunca houve acordo algum com a UTEPA ou qualquer outra entidade para carregar
mais passageiros, ou nunca houve nenhum acerto para que a fiscalização não
fosse efetivada. Quero deixar bem claro isto aí.
O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu quero negar a afirmação do Ver. Zanella, dizendo que acordos
verbais não se tem como provar, não estão por escrito. Eram acordos verbais
firmados dentro dos gabinetes dos sucessivos Secretários dos Transportes. Não
há provas, porque não existe nada por escrito.
O Sr. Artur Zanella: Eu só queria dizer que, efetivamente,
nunca houve acordos e que eu nunca tinha visto o Sr. Gert Schinke até há poucos
dias em que ele apareceu com um jacaré na televisão.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu só queria encerrar, dizendo que é
lastimável que se tenha que recuar neste Projeto por culpa da Bancada do PDT.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa coloca em votação a prorrogação da
presente Sessão por mais duas horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Neste
momento, suspende-se a presente Sessão para que haja uma reunião conjunta das
Comissões, a fim de que seja colocado em votação o Parecer Conjunto nº 006/89,
da Emenda supressiva nº 002, de autoria do Ver. Clóvis Brum, e da Emenda nº
003, do Ver. Vieira da Cunha.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 18h52min.)
O SR. PRESIDENTE (às 18h56min): Reabrimos a presente Sessão e damos
continuidade à discussão geral do presente Projeto.
Com
a palavra, o Ver. Vieira da Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Peço a paciência dos companheiros, mas
não poderia deixar de utilizar a tribuna já que muitas observações foram feitas
pelo orador que me antecedeu, Ver. José Valdir, sem fundamento nenhum. A
primeira delas é o ataque que o PT costumava fazer de que, na nossa
Administração, está aqui me ouvindo atentamente o Ver. Elói Guimarães, as
tarifas eram super dimensionadas no transporte coletivo. O Prefeito Alceu
Collares, no final do ano, autorizou um aumento de tarifas e o Prefeito Olívio
Dutra, se esquece o Ver. José Valdir, já autorizou o aumento de tarifa, aquela
que V. Exª chama de estratosférica já foi aumentada pelo Prefeito Olívio Dutra,
e veja que é grave, Ver. José Valdir, em pleno período de congelamento de
tarifas e, o que é mais importante, dos salários dos trabalhadores, inclusive
dos porto-alegrenses. Nem V. Exª nem ninguém da sua Bancada têm autoridade
moral e política para falar sobre preço de tarifa em Porto Alegre. A Frente Popular
não tem esta autoridade mais em Porto Alegre para falar sobre essa questão.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Gostaria que a Presidência dos trabalhos
fizesse a observação ao orador de que não está em Pauta o assunto que ele está
debatendo.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa lembra ao nobre orador que se
encontra na tribuna e apela para que se atenha ao Projeto em discussão, Projeto
de Lei nº 019/89. Questão de Ordem para o Ver. Wilton Araújo.
O SR. WILTON ARAÚJO (Questão de Ordem): Acredito a conduta da Presidência não ser
a mais acertada, por isso contradito a Questão de Ordem e critico a celeridade
com que a Presidência chamou a atenção do orador.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa comporta-se à testa dos trabalhos
imparcialmente e registra nos Anais da Casa a sua contradita.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quanto à
questão do boicote, Ver. José Valdir, e veja que estou me referindo às críticas
do Ver. José Valdir, que se inscreveu no tempo de discussão do Projeto. Estou
falando sobre assuntos abordados pelo Ver. José Valdir. Mas quero dizer o
seguinte: quando o PT trouxer a esta tribuna fatos comprovados do boicote...
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não está censurando absolutamente
nem fazendo nenhuma advertência e nem o fez em momento algum, apenas apelou que
se cingisse ao tema em discussão. Mas interrompe V. Exª para conceder Questão
de Ordem ao nobre Ver. Wilson Santos, Líder do Partido Liberal.
O SR. WILSON SANTOS (Questão de Ordem): A minha Questão de Ordem é até para um
esclarecimento. Parecia que o Ver. Vieira da Cunha estaria no tempo de
encaminhamentos. E sem querer ser nenhum patrulheiro do que acontece aqui, me
lembra que o Ver. Vieira da Cunha cedeu o seu tempo, já que ele estava
inscrito, para o Ver. Elói Guimarães, que estava na tribuna. Pergunto se eu
entendi mal, ou se aconteceu, ou está falando em tempo de outro Vereador.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Estou falando no tempo do Ver. Nelson
Castan, que se inscreveu e me cedeu o seu tempo. Mas vou ser breve, até porque
nós estamos desejosos de votar esta matéria. Mas, para dizer, Ver. José Valdir,
que quando V. Exª trouxer não versões, mas fatos concretos de boicotes no que
diz respeito à operação do sistema de transporte coletivo, dúvida V. Exª não
deve ter de que contará com a mais irrestrita solidariedade dos onze Vereadores
que compõe a Bancada do PDT nesta Casa. Agora, versões, boicote, esta palavra é
muito ampla. Na nossa concepção, o que está acontecendo no transporte coletivo
de Porto Alegre é um alto boicote pela incompetência do Governo da Frente
Popular. Agora, se houver fatos comprovados, V. Exª terá a nossa solidariedade.
Jamais compactuaremos com esse tipo de atitude se estiver sendo tomada por quem
quer que seja.
O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu até vou usar este aparte para não usar depois o tempo de
encaminhamento, que é de cinco minutos, até porque me pronunciei contra o
número de passageiros pelo conflito da lei municipal com a lei federal. Quero
declarar que estou satisfeito com o desfecho dos trabalhos e com a inteligência
e qualidade do Ver. Clóvis Brum, que entrou com uma Emenda, solucionando o
impasse. Eu cumprimentei, inclusive, todos os empresários que estavam aqui pela
defesa dos seus interesses e também cumprimentei o Gert Schinke, porque tenho
criticado os empresários que têm vergonha de falar em lucro. Pois aqui eu vi
que defenderam com unhas e dentes o lucro, seja ele pequeno ou grande. Eu acho
que fizeram o seu papel e acho que a Casa encontrou um denominador comum. Eu,
que encaminhei contrariamente, estou satisfeito com o desfecho, até porque
restou uma parte do Projeto de Lei, que é a vida útil, e com a sua Emenda,
inteligente e competente, permite que a vida útil permaneça elasticamente
aumentada, mas com a vistoria mensal. Muito obrigado.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Agradeço a V. Exª pelo aparte e quero
finalizar apontando aos meus colegas Vereadores a imensa contradição que reina
na Bancada governista. Esse é um fato que me chama a atenção, porque um fator
que me fazia admirar até esta tarde-noite a postura da Bancada governista era
sua unidade, era sua disciplina. Quando um Vereador vinha a esta tribuna, todos
vinham no mesmo sentido e esta tarde-noite está sendo diferente, José Valdir. O
Ver. José Valdir me aparteia anti-regimentalmente dizendo “ainda bem”. Mas,
exatamente, essa contradição aqui, desta tribuna, implementada por V. Exª,
porque diz que o PDT é responsável pelo que V. Exª mesmo chamou de a deturpação
- não sei se foi esse o termo usado - mas a deturpação do Projeto com a
retirada, com a Emenda supressiva do Líder do PMDB, Ver. Clóvis Brum. V. Exª
disse, desta tribuna, que o PDT era culpado, por isso que V. Exª julgou uma
deturpação do Projeto, e que nós estávamos impedindo um avanço. Eu ouvi, agora,
o relatório do Ver. João Motta, Vice-Líder de V. Exª, no exercício da
Liderança, já que o Ver. Flávio Koutzii, no momento, nos priva da sua presença.
E o Ver. João Motta diz com todas as letras que a Emenda supressiva do Ver.
Clóvis Brum aperfeiçoa o Projeto e que tem mérito. Mas a contradição é
evidente, Ver. José Valdir, ou V. Exª não teve tempo de conversar com o Ver.
João Motta para que ele o convencesse, mas está havendo aí uma ruptura na
unidade da Bancada governista nesta Casa jamais vista desde 1º de janeiro de
1989, quando assumimos nesta Casa. Há uma contradição entre o nobre Vice-Líder,
que diz que as Emendas têm mérito, inclusive a supressiva, e a as informações
trazidas por V. Exª nesta tribuna, colocando como sempre, querendo colocar como
sempre as culpas na Bancada do PDT aqui nesta Casa.
Mas,
os senhores transportadores são inteligentes o suficiente para saberem que o
que se buscou nesta composição foi exatamente o que afirma o Ver. João Motta, o
aperfeiçoamento do Projeto.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Apenas para registrar, nobre Vereador, que o pedido de Questão de
Ordem encaminhado à Mesa foi buscando o encaminhamento democrático que foi
adotado pela Mesa em relação ao Vereador que lhe antecedeu, Ver. José Valdir,
que também foi repreendido como V. Exª pelo Presidente por fugir ao tema.
O Sr. João Motta: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Para evitar que V. Exª seja parcial, o Parecer que foi feito por
mim é um Parecer Conjunto; portanto, V. Exª só se referiu a um aspecto, a uma
das Emendas. Portanto, o que aperfeiçoou o Projeto foi o fato de as duas
Emendas, ambas, colocarem elementos que no meu entendimento, conjuntamente,
combinadamente, aperfeiçoaram esse Projeto conjuntamente.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Eu agradeço a paciência dos colegas
Vereadores e me despeço da tribuna certo de que nós, votando o Projeto com as
duas Emendas, estaremos aperfeiçoando o sistema de transporte escolar em Porto
Alegre. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento, Sr. Presidente:
requeiro à Mesa votação nominal e a votação nominal das Emendas que têm Parecer
favorável, de acordo com o Regimento Interno.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa submete à votação ambos
Requerimentos formulados pelo nobre Líder do PMDB, Ver. Clóvis Brum. Em
votação. Os Srs. Vereadores que os aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.
Não
havendo quem queira encaminhar, em votação o Projeto. Solicito ao Sr.
Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos
Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 28 Srs. Vereadores votaram SIM.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLL nº 019/89.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Machado, Mano José, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo, Adroaldo Corrêa, Heriberto Back e Ilo Sperb.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação as Emendas nos 001, 002 e 003 que serão votadas em
bloco.
O SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, me
penitencio com a Mesa se foi desatenção deste Vereador, mas era do meu
conhecimento apenas um Emenda de autoria do Ver. Clóvis Brum, Líder do PMDB.
Portanto, requeiro a leitura do texto das Emendas.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): No sentido de colaborar com a Mesa,
pediria que, ao fazer a leitura das Emendas, fosse citado o número das Emendas.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que faça a
leitura das Emendas.
O SR. SECRETÁRIO: (Lê as Emendas.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que proceda à
chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação das Emendas.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos
Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 25 Srs. Vereadores votaram SIM e 02
optaram pela ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADAS as Emendas nos 001, 002 e 003.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Machado, Mano José, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo, Adroaldo Corrêa e Ilo Sperb. ABSTIVERAM-SE os Vereadores Gert Schinke e José Valdir.)
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento de autoria do
Ver. Clóvis Brum, solicitando seja o PLL nº 019/89 dispensado de distribuição
em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC.
Nº 1016/89 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 008/89, de autoria da Comissão de Justiça e
Redação, que autoriza o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre a afastar-se do
Município no período de 07 a 10 de abril do corrente ano para viajar até São
Paulo, para participar de reunião do Diretório Nacional do PT.
Parecer:
- da CJR. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a
discussão. Em votação. (Pausa.) Para encaminhar, o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
enquanto os funcionários públicos desta Cidade não sabem quando receberão o aumento,
quando esta Casa não sabe quando receberá o Projeto de aumento dos
funcionários, quando a AFM entra na Justiça informando que o seu hospital vai
fechar, quando esta Cidade está em polvorosa, é o décimo ou décimo segundo, eu
já não sei mais qual é o número, de pedido de afastamento do Sr. Prefeito
Municipal para viajar.
Eu
espero, daqui a alguns dias, se continuar este roteiro turístico infindável,
que faça o que muita gente já preconiza ou critica, entregue para o Dr. Tarso
Genro, de uma vez por todas, de fato e de direito, a solução dos problemas
desta Cidade.
Quando
pensamos que o Sr. Prefeito está aqui, ele está lá, viajando. Começou num fim
de semana, depois já foi durante a semana, é inacreditável a insensibilidade do
Dr. Olívio Dutra que parece que não se dá conta que esta Cidade está num caos.
Esta Cidade não sabe quem manda.
Votarei,
pela última vez, a favor. Agora, eu espero que estes passeios semanais do Sr.
Prefeito Municipal, e o problema não é se é sábado ou domingo, se é com ônus ou
sem ônus, é que, simplesmente, o Sr. Prefeito não está preocupado com nada.
Quem fica telefonando para os nossos gabinetes, para resolver problemas, é o
Tarso Genro, porque eu não consigo, ninguém consegue acompanhar o Sr. Prefeito!
No dia da greve, fomos convidados para uma reunião, estavam lá as Lideranças,
ele ficou cinco, dez minutos ali, se ficou, porque estava com pressa para
distribuir panfletos e dar entrevistas para a televisão. O Sr. Prefeito parece
estar se divertindo com o cargo, se divertindo com as suas maneiras não muito
ortodoxas, bastante originais, e vamos vivendo nessa caminhada! O Município é
condenado a pagar seiscentos e tantos milhões, aos transportadores não acontece
nada, o transporte não funciona, não acontece nada, o Prefeito chega numa
festa, onde é exigido traje de recepção, em manga de camisa, abraçando todo
mundo, uma beleza! Enquanto isso, o funcionário, que tem que receber a sua
reposição, não recebe! Pela primeira vez, na história da Prefeitura Municipal
de Porto Alegre, desde que eu cheguei em 1975, é pago um aumento no mês
subseqüente. Pela primeira vez! Nunca havia acontecido um fato como esse!
O Sr. Giovani Gregol: Não tinha aumento para pagar.
O SR. ARTUR ZANELLA: Tinha, tinha aumento para pagar e não
tinha demissões de funcionários, de funcionárias grávidas, não tinha punição de
funcionários que trabalham. É, mas vamos votar a favor, esperando que, antes de
viagem, encaminhe, por favor, o Projeto de aumento dos funcionários. De
funcionários desta Casa, eu espero que a Mesa encaminhe, independentemente do
Projeto que vier do Executivo, porque existe uma Lei aprovada por esta Casa que
manda pagar automaticamente a inflação do período. Eu espero que a Mesa
encaminhe um Projeto, senão totalmente nesse sentido, mas que faça justiça aos
nossos funcionários, que, às 19h30min, estão aqui trabalhando, sem ganhar
hora-extra e sem receber o aumento que lhes é devido. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejo e
ouço um suspiro profundo do Ver. Gregol, invocando o seu Deus, que deve ser o
nosso. Eu tenho certeza que a expressão “ah, meu Deus”, do Ver. Gregol, deve
ser um sinal de angústia, de desespero, porque o seu Prefeito só encaminha
licenças e não encaminha o aumento dos funcionários, que é devido há mais de
trinta dias. Então, eu noto esta angústia e até faço justiça a V. Exª, Ver.
Gregol.
Mas
o que dizer de uma nova prática que se adota na cidade de Porto Alegre? Eu nunca
vi, em cidade alguma do Brasil, a prática que se adota na Prefeitura de Porto
Alegre. Quinzenalmente, semanalmente, licença do Prefeito Olívio Dutra para
tratar de assuntos partidários. Mas meu Deus! Agora sou eu que invoco o meu
Deus, como é que pode o Prefeito Olívio Dutra se preocupar tanto com o seu
Partido se nos seus ombros repousa a maior responsabilidade administrativa
desta Cidade? O PT que, ao que sei, é um Partido rico de quadros, poderia
dispensar a presença do Prefeito Olívio Dutra nestes conclaves, porque ele é o
único Prefeito do PT aqui em Porto Alegre, porque ele é a maior autoridade na
vida desta Cidade. E eu que imaginava - e bem feito para mim, eu acreditei! -,
imaginava que, depois da vitória do Prefeito Olívio Dutra, este homem viveria
as vinte e quatro horas do dia lutando pelos interesse da Cidade! Não. Das
sextas-feiras até as segundas-feiras, ele pensa no seu Partido, de
segunda-feira a sexta-feira, ele pensa, ele comparece à Prefeitura.
Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu terei mais cedo, quem sabe neste ano, no
ano que vem ou até no último mês de mandato do Prefeito Olívio Dutra, eu terei
o prazer, claro que eu terei, o prazer de votar numa licença para o Prefeito,
não interessa que seja daqui a quatro anos, para que ele vá para São Paulo, Rio
de Janeiro, a Brasília tratar de assuntos administrativos da nossa população.
Eu tenho certeza que um dia eu votarei, eu um dia vou votar, sim, tenho
certeza, num pedido do Prefeito para tratar a nível nacional do angustiante problema
do transporte coletivo dessa Cidade, que infelicita o usuário. Ah! Eu vou ter
um dia essa alegria, nem que seja no último ano do mandato do Prefeito. Mas,
Sr. Presidente, terei quase que semanalmente a desilusão de abrir o pedido do
Prefeito e notar que não é para tratar de assuntos administrativos, mas é para
continuar tratando de assuntos partidários. Ora, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, deve ir bem a situação dos funcionários, deve ir muito bem o
problema do transporte coletivo, deve ir muito bem o problema do lixo, deve
estar perfeitamente em ordem a iluminação pública, o calçamento deve já iniciar
as suas obras em breve, os alagamentos já devem ter alguns projetos nesse
sentido e o Prefeito, mais cedo ou mais tarde, vai buscar recursos para tratar
disso. Enquanto não chega este momento que eu tanto espero, nós temos que votar
favorável ao que pede aqui o Prefeito Olívio Dutra, uma excelente votação
representando o PT na Prefeitura de Porto Alegre para realizar viagem a São
Paulo, para participar da reunião do Diretório Nacional do Partido dos
Trabalhadores.
Sr.
Presidente, eu vou votar favorável pela minha vocação democrática; agora, se
dependesse da minha vocação administrativa, eu mandava esse homem trabalhar
mais um pouco por essa Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador a encaminhar, pelo PDT, é o
Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
também vou acompanhar o voto do Ver. Artur Zanella,
Ver. Clóvis Brum. Também vou
votar favorável ao pedido de licença do Prefeito. Mas, na realidade, Ver.
Clóvis Brum, eu, que vivi aí um ano e meio ajudando o companheiro Collares nas
vilas populares, lá no DEMHAB, eu também tinha outra idéia do companheiro
Olívio Dutra, meu conterrâneo, gauchão lá da fronteira. Eu imaginava o Olívio
domingo, sábado, abraçado com o Ver. José Valdir, por exemplo, lá examinando os
problemas da Nova Gleba, abraçado com a companheira Janair, a saber como é que
ele iria resolver com transparência e clareza a falta de esgoto sanitário na
Santa Rosa, na Dutra Jardim, na Vila da Fraternidade. Imaginava o companheiro
Olívio de mãos dadas com o Back lá na Estrada dos Alpes, examinando a falta de
pavimentação naquela estrada. Imaginava o companheiro Adroaldo levando o Olívio
nas quadras das escolas de samba que estão todas na desgraça, sem ter onde
ficar. Imaginava o companheiro Olívio abraçado com o Gregol e com o nosso Gert
Schinke, imaginando os problemas da ecologia em Porto Alegre. Mas não, o que o
companheiro gosta de poltrona de avião não está escrito. Mas vai gostar de
avião assim. É a décima segunda vez que o Prefeito sai de Porto Alegre. E como
diz o Zanella, não é mais agora sábado e domingo. Agora já pega sexta, sábado,
domingo e segunda. A próxima já vai pegar quinta, sexta, sábado, domingo e
terça.
E
olha, Ver. Mano José, olhando agora o seu sorriso, leia o Boletim do PT, este
último que saiu - a folha do PT. V. Exª, como médico do Hospital Municipal de
Porto Alegre, está sendo acusado de relapso. O Prefeito está dizendo no Boletim
do PT que o Hospital Municipal não funciona porque os médicos não trabalham
porque não recebem os salários. Leia e responda depois, Vereador.
Bem,
mas vou deixar claro uma coisa mais uma vez para a Câmara de Vereadores, para
que a Bancada do PT me responda - naturalmente que algum companheiro do PT vai
encaminhar -, como é que pode se admitir que as licenças permanentes do
Prefeito sejam sem ônus para o Município? No momento em que o companheiro
Olívio Dutra assina uma ata lá no seu gabinete se licenciando, assume o
companheiro Tarso Genro. É indiscutível que o companheiro Tarso Genro fica
recebendo como Prefeito nestes quatro dias. Até agora não vi nenhum oficio
dizendo que ele trabalha de graça quando assume a Prefeitura, conseqüentemente,
não é sem ônus para o Município. As reuniões do Diretório Nacional do PT,
mensais, semanais ou quinzenais, às quais não falta o Prefeito Olívio Dutra,
embora não possa delas fazer parte por força da disposição e da Lei Orgânica dos
partidos... Quem administra uma cidade conseqüentemente não pode ser dirigente
partidário, pelo menos de forma legal. Pode ir lá dar conselho, contar como é
que está resolvendo os problemas de Porto Alegre - ou, pelo menos, inventar
como é que está resolvendo os problemas -, agora, que tem ônus para o
Município, tem.
Conseqüentemente,
essa matéria começa a assustar esta Casa. Têm razão os Vereadores que nos
antecederam: é viagem demais e é um desprezo muito grande para com os problemas
de uma cidade que nós queremos tanto, na qual vivemos, e que se vê, hoje, às
voltas com uma espécie de Prefeito itinerante de roteiro único, sem jamais nos
pedir para viajar para tratar de um problema sequer daqueles que tanto afligem
a Cidade que o elegeu. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, com a palavra, o Ver.
João Motta, do PT.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com
tranqüilidade que encaminho a defesa da solicitação do Prefeito de licença para
viagem, sem ônus para o Município, na medida em que o entendimento que a
Administração Popular tentou inaugurar, desde o primeiro dia, é nós tentarmos
ver e nos comprometer com a Cidade e seus problemas a partir não de uma ótica
exclusivamente localizada ou particular, mas, ao contrário, enfocar os
problemas que afligem e atingem as grandes cidades, os grandes centros urbanos
do País, inclusive Porto Alegre, como sendo parte dos grandes problemas
nacionais. E são os grandes problemas nacionais de fato os temas que hoje
chamam a atenção e puxam os debates da maioria dos partidos neste País.
Portanto, cada reunião que se faça, hoje, seja de que partido for, a sua
instância, em particular a sua instância de direção nacional, se reveste de
fundamental importância para todos nós na medida em que está posto também, para
todos, o desafio para encontrarmos respostas para todas as dificuldades que
vivemos não só na nossa Cidade, mas em nosso País. Por isso se reveste, no meu
entendimento, de grande importância a participação do companheiro Olívio Dutra
nesta reunião. E traga, de fato, para o nosso Partido, que está também
empenhado em discutir uma alternativa para essa crise enfrentada por nosso
País, e que contribua nas discussões e socialize informações desse quadro que
vivemos hoje no Município de Porto Alegre.
Neste quadro, parece também correto destacar que ele não manifesta, no nosso entendimento, nenhuma intranqüilidade, na medida em que se inaugurou também a partir da Administração Popular uma relação de reciprocidade e de confiança entre o Prefeito e o Vice-Prefeito. Portanto, ao contrário do que tentam especular, particularmente aqui na cidade de Porto Alegre, alguns setores da imprensa, nos parece que é por demais evidente o alto grau de entrosamento e de relacionamento que existe entre o Prefeito Olívio Dutra e o seu Vice-Prefeito Tarso Genro. Portanto, a sua ausência, no meu entendimento, não significa um esquecer ou um desprezo para com a Cidade, mas significa que os problemas da Cidade ficam em mãos, sob a responsabilidade de uma pessoa que também já deu demonstração de ter sensibilidade, de percebê-los e de dar a devida atenção a todos eles. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. João Dib, pelo PDS.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, voto
favoravelmente à licença ao Prefeito Olívio Dutra, mas votando favoravelmente à
licença, eu não posso esquecer que esta Cidade está um tanto quanto abandonada.
A Administração está se esforçando, sem dúvida alguma, eu não poderia dizer o
contrário, mas que há desencontro, há desencontro, que há desinformação, há
desinformação, os municipários deveriam ter aqui hoje um Projeto de Lei dando
um reajuste que é irrisório. Eu tenho razões para pensar que poderiam ter sido
pagos os 40,36%, sem nenhum problema maior. Basta administrar bem. A Associação
dos Funcionários Municipais não está na Justiça só porque deseja contrariar a
Administração Municipal, mas, sim, porque não vê condições de sobrevivência de
seus quadros, porque os recursos não chegam até ela e isso é extremamente
importante para os servidores que, já não recebendo reajuste, quando precisam
do hospital, não tem a quem recorrer.
O
Montepio dos Funcionários Municipais vive a mesma situação, de sorte que o
Montepio tem um pouco mais de recurso do que a Associação dos Funcionários
Municipais. Mas o Montepio é uma entidade que se baseia em cálculos atuariais e
precisa receber o dinheiro dos seus contribuintes, os seus recursos, e
investi-lo imediatamente para que possa assegurar tranqüilidade aos servidores
municipais.
A
Cidade não tem iluminação, e um Pedido de Informação que vi, do Ver. Zanella,
dizia que faltavam dez mil lâmpadas, mas mil e duzentas já foram compradas. A
coisa está extremamente difícil. A Administração só esta preocupada com
transporte coletivo urbano que se deteriora dia a dia e que não encontra na
população ninguém que diga que está satisfeito. Não quero que amanhã nós
tenhamos... E até um dia por lapso eu disse Prefeito Municipal dos Transportes.
Parece que a Prefeitura Municipal é dos transportes, parece que a Prefeitura só
se preocupa com o transporte. E em se preocupando com o transporte, se vê um
sistema de transporte que era melhor do que hoje, não era para aumentar a
tarifa, aumentou agora sem cálculo. Acho que é chegado o momento de a
Administração Municipal se voltar para a Administração Municipal, que não é só
transporte. É uma peça importante o transporte coletivo urbano, é essencial à
vida da Cidade, mas é possível que o Prefeito, viajando mais uma vez a São
Paulo, ele veja que a Prefeita Erundina está cuidando do transporte coletivo
urbano, mas também está cuidando dos demais setores da Cidade, inclusive
reajustando convenientemente os servidores da Prefeitura Municipal de São
Paulo.
Sei
que as dificuldades devem ser superadas. A Administração deve fazer a
administração da escassez, os recursos não estão aí. Mas, não está tão mal a
Prefeitura. Basta que ele se volte para a administração e não para o transporte
apenas, para a administração da Cidade e não para a administração do Partido.
Aqueles que assumem o Executivo devem deixar a administração partidária, isto é
praxe, é norma, é lei. Não duvido da competência do Prefeito e do Vice-Prefeito
Tarso Genro, não, absolutamente, não duvido. Sei que saindo o Prefeito Olívio
Dutra a Cidade fica em boas mãos. Já está hoje nas mãos dos dois. Há dualidade
de comando, reclamei desta tribuna que há dualidade de comando, está faltando
unidade de comando, muita gente falando sobre todos os assuntos e não decidindo
nenhum.
Mas
faria um apelo ao Prefeito Olívio Dutra: volte-se para todos os problemas da
Cidade, transporte é um deles. Mas, pode ser que viajando bastante ele volte
mais esclarecido, mais sensível aos demais problemas da comunidade
porto-alegrense. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos.
Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Projeto de Decreto
Legislativo nº 008/89 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.
Requerimento
de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicita que o PDL nº 008/89 seja dispensado
de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, peço
esclarecimento se, passada a Ordem do Dia, entraríamos no período de
Comunicações e então não caberia ao Partido dos Trabalhadores o espaço de
Liderança para a comunicação.
O SR. PRESIDENTE: Informo que, por força do art. 85 do
Regimento Interno, a Sessão foi prorrogada tão-somente para discussão e votação
da matéria constante da Ordem do Dia. Isto exatamente para não haver prejuízo
do projeto em discussão e votação, razão pela qual tão logo encerre a discussão
e votação, automaticamente acha-se encerrada a Sessão.
(Levanta-se
a Sessão às 19h50min.)
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